quinta-feira, agosto 27, 2020

Memórias dos Anos 70: As Notas da Faculdade

Para fechar a série sobre a faculdade, vou falar um pouco sobre minhas notas.

Curiosidade: O "B" no final do nome do curso indica "Digital"

Ao contrário de muitos colegas, eu sempre tentei não me importar muito com as notas. Certamente não estava preocupado com tirar uma nota maior ou menor que a de um colega. Mas é impossível deixar de se preocupar totalmente com as notas. Em primeiro lugar, é claro que eu não queria reprovar. Em segundo existiam várias bifurcações no curso onde a nota era o critério de distribuição das vagas. E teve algumas situações mais traumáticas.

Uma foi com Algebra Linear, onde os alunos não se davam muito bem com a professora. Embalado pelo (relativo) sucesso no segundo semestre de Física, eu não assistia as aulas. Quando chegou a primeira prova, eu peguei o livro texto na biblioteca, estudei e... tirei dez! O resto da turma não se deu bem, o que acirrou as animosidades com a professora. Primeira aula depois da publicação das notas, time que está ganhando não se mexe! Assinei a presença e estou saindo discretamente quando alguém lá no fundo da sala berra: "Tá vendo professora, é esse aí que tirou dez!". Zup, zup, zup, saí sem olhar para trás. O desempenho caiu feio nas provas seguintes, mas na segunda prova já tinha garantido a aprovação.

Mecânica dos Fluidos me metia medo, mas consegui chegar na última prova precisando de 2,5. Saí da prova crente que tinha reprovado... mas passei com média 5,6.

O fato é que me formei sem reprovação. Mas considero que isso foi mais por um pouco de sorte que um desempenho impecável. Foram três 5,0.

O primeiro foi em Cálculo 3. Quando começou o curso, o meu orientador no IPT perguntou o nome do professor. Eu disse que ainda não sabia, pois a turma ia ser dividia em duas classe e eu só sabia o nome de um dos professores. Ele disse para eu torcer para pegar o outro pois esse era muito ruim. Pois bem, eu caí na outra turma e meus colegas iam assistir aula com o muito ruim pois o nosso era pior... Primeira prova foi um massacre. Depois dela comprei o livro texto em inglês (horroroso e caro, ficou com ele muito tempo depois de formado por ter gasto tanto). Fui mal na segunda prova e pedi revisão da nota. Na terceira finalmente fui bem, mas ainda não era suficiente. Este matéria tinha uma prova substitutiva (valiam as três melhores notas) e fui bem, mas não o suficiente. Eu acho que ganhei o 5 porque o professor percebeu que ia reprovar uma quantidade absurda de alunos (mesmo para o triste padrão da matéria) e viu que eu tinha aprendido alguma coisa no final e podia usar o meu pedido de revisão como desculpa para dar os pontos que faltavam.

O segundo 5,0 foi em "Dispositivos Eletrônicos". Não lembro do que se tratava (os anos 70 foram muito loucos!), mas acho que era outra destas matérias bicho-papão.

O terceiro foi uma matéria não muito difícil, com um bom professor. A única explicação para as notas baixas foi desleixo meu. Na lista com as notas finais estava lá o 5,0 em azul, sobre um borrão de tinta vermelha. Um colega, que era estagiário com o professor, me confessou que o professor mostrou as notas antes da publicação e ele o convenceu a me passar...

Para não ficar só nas notas baixas, eu me orgulho ter fechado uma matéria com 10,0: "Estrutura da Informação". O orgulho não está em ter conseguido o dez, mas como eu obtive. Tinha tanta firmeza nos meus conhecimentos que eu respondi as provas com o que achava e não com o que a professora ou o livro texto diziam. Uma coisa que eu lastimo é não ter guardado uma listagem do projeto prático: um Assembler para o microprocessador 6809 (décadas depois eu tentei reviver a emoção deste projeto).

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