Curiosidade: O "B" no final do nome do curso indica "Digital" |
Ao contrário de muitos colegas, eu sempre tentei não me importar muito com as notas. Certamente não estava preocupado com tirar uma nota maior ou menor que a de um colega. Mas é impossível deixar de se preocupar totalmente com as notas. Em primeiro lugar, é claro que eu não queria reprovar. Em segundo existiam várias bifurcações no curso onde a nota era o critério de distribuição das vagas. E teve algumas situações mais traumáticas.
Uma foi com Algebra Linear, onde os alunos não se davam muito bem com a professora. Embalado pelo (relativo) sucesso no segundo semestre de Física, eu não assistia as aulas. Quando chegou a primeira prova, eu peguei o livro texto na biblioteca, estudei e... tirei dez! O resto da turma não se deu bem, o que acirrou as animosidades com a professora. Primeira aula depois da publicação das notas, time que está ganhando não se mexe! Assinei a presença e estou saindo discretamente quando alguém lá no fundo da sala berra: "Tá vendo professora, é esse aí que tirou dez!". Zup, zup, zup, saí sem olhar para trás. O desempenho caiu feio nas provas seguintes, mas na segunda prova já tinha garantido a aprovação.
Mecânica dos Fluidos me metia medo, mas consegui chegar na última prova precisando de 2,5. Saí da prova crente que tinha reprovado... mas passei com média 5,6.
O fato é que me formei sem reprovação. Mas considero que isso foi mais por um pouco de sorte que um desempenho impecável. Foram três 5,0.
O primeiro foi em Cálculo 3. Quando começou o curso, o meu orientador no IPT perguntou o nome do professor. Eu disse que ainda não sabia, pois a turma ia ser dividia em duas classe e eu só sabia o nome de um dos professores. Ele disse para eu torcer para pegar o outro pois esse era muito ruim. Pois bem, eu caí na outra turma e meus colegas iam assistir aula com o muito ruim pois o nosso era pior... Primeira prova foi um massacre. Depois dela comprei o livro texto em inglês (horroroso e caro, ficou com ele muito tempo depois de formado por ter gasto tanto). Fui mal na segunda prova e pedi revisão da nota. Na terceira finalmente fui bem, mas ainda não era suficiente. Este matéria tinha uma prova substitutiva (valiam as três melhores notas) e fui bem, mas não o suficiente. Eu acho que ganhei o 5 porque o professor percebeu que ia reprovar uma quantidade absurda de alunos (mesmo para o triste padrão da matéria) e viu que eu tinha aprendido alguma coisa no final e podia usar o meu pedido de revisão como desculpa para dar os pontos que faltavam.
O segundo 5,0 foi em "Dispositivos Eletrônicos". Não lembro do que se tratava (os anos 70 foram muito loucos!), mas acho que era outra destas matérias bicho-papão.
O terceiro foi uma matéria não muito difícil, com um bom professor. A única explicação para as notas baixas foi desleixo meu. Na lista com as notas finais estava lá o 5,0 em azul, sobre um borrão de tinta vermelha. Um colega, que era estagiário com o professor, me confessou que o professor mostrou as notas antes da publicação e ele o convenceu a me passar...
Para não ficar só nas notas baixas, eu me orgulho ter fechado uma matéria com 10,0: "Estrutura da Informação". O orgulho não está em ter conseguido o dez, mas como eu obtive. Tinha tanta firmeza nos meus conhecimentos que eu respondi as provas com o que achava e não com o que a professora ou o livro texto diziam. Uma coisa que eu lastimo é não ter guardado uma listagem do projeto prático: um Assembler para o microprocessador 6809 (décadas depois eu tentei reviver a emoção deste projeto).
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