Na minha opinião, os envolvidos com informática se dividem em dois grupos quando o assunto é certificação Microsoft. Existe uma minoria que tem experiência própria com isto e fala siglas estranhas como MCSE, MCAD, MCP e menciona o tempo todos números cabalísticos como 70-290 e 70-316. E existe a grande maioria que vive feliz ignorando tudo isto. O objetivo deste post é estragar a felicidade desde segundo grupo :)
As descrições abaixo podem conter erros ou ficarem desatualizadas, a página da Microsoft sobre certificação é www.microsoft.com/learning (pelo menos atualmente).
Como se obtem uma Certificação MicrosoftCom um exceção recente, as certificações Microsoft são obtidas passando em exames. Os exames são realizados em micros e, em grande parte, são compostos de questões de múltipla escolha. Não existe nenhum pré-requisito (curso, anos de experiência comprovada, etc); qualquer um pode fazer um exame e, se atingir a nota mínima, está aprovado.
Os exames são desenvolvidos pela Microsoft, porém a aplicação dos exames é feita por duas empresas americanas, a Pearson Vue e a Prometric. Estas empresas, por sua vez, credenciam centenas (milhares?) de centros de teste espalhados pelo globo. Atualmente os exames custam US$80, existem com frequência promoções envolvendo vales (vouchers) que cobrem parte ou todo o custo.
Ao passar no primeiro exame você se torna um MCP (Microsoft Certified Professional). Outros títulos são obtidos passando em combinações de provas.
O que você ganha sendo certificadoFama, fortuna, mulheres lindas (ou homens lindos, se for o caso) - se você quer tudo isto é melhor tratar de aprender a jogar bola (ou a desfilar na passarela no cado das mulheres).
Para você mesmo, você poderá ganhar um pouco de auto-confiança. Para aquela minoria que conhece o assunto, você ganhará algum respeito pois eles sabem das dificuldades para obter uma certificação. O resto do mundo não vai saber exatamente do que se trata e, na sua maioria, vai ser indiferente.
A Microsoft envia um certificado, um broche e um cartão de identificação a cada certificação obtida (não a cada prova), mas você tem que solicitar. Você pode emoldurar o certificado e colocar sobre a mesa (no mínimo a assinatura impressa do Bill Gates vai chamar a atenção). Já experimentei usar o broche em eventos da Microsoft, ninguém prestou atenção. O cartão eu usei como fundo em uma das fotos deste blog (o primeiro uso prático que encontrei).
Nos eventos anuais da Microsoft é comum darem um brinde para os certificados.
Como se preparar para um exameAo contrário do que alguns imaginam, experiência profissional com a matéria de um exame não é condição necessária nem suficiente para passar. É perfeitamente possível estudar um assunto que não faça parte do seu dia-a-dia e passar no exame. No meu caso, uso os exames exatamente para me obrigar a estudar aquilo que não uso nem conheço. Por outro lado, uma característica dos exames é ser bastante abrangente enquanto que no trabalho a gente tende a se concentrar em uma faixa estreita.
Isto não significa que a experiência não seja útil, muito menos que o estudo não deva incluir uma parte prática.
Existem diversas formas de estudar para um exame, cada pessoa obtem melhores resultados com uma determinada combinação. As maneiras principais são cursos, livros, simulados e a prática.
Existem cursos voltados diretamente para a preparação aos exames e cursos mais gerais. Em algum ponto entre eles estão os cursos com material oficial da Microsoft (MOC - Microsoft Official Curriculum).
Da mesma forma, existem livros específicos para preparação, inclusive da Microsoft Press. Com uma exceção, usei sempre este tipo de livro como roteiro de estudo, complementando com informações obtidas na internet e livros sobre temas específicos (os bons livros de preparação costumam conter uma bibliografia no final de cada capítulo). Os livros de preparação se concentram na matéria que cai no exame e são bem resumidos, porém (pelo menos os bons) costumam conter também informações úteis para o dia-a-dia.
Várias empresas (como Transcender, ...) comercializam exames simulados, O custo destes simulados é relativamente alto; a única ocasião em que adquiri um foi para o meu primeiro exame de Análise de Requisitos e Definição de Arquiteturas, para me acostumar com o formato das questões. Felizmente as empresas costumam disponibilizar versões demo dos simulados (com poucas questões); vários livros de estudo vem com estas versões. Algumas empresas oferecem simulados com "questões reais de prova", existem questões legais e morais envolvidas (ver braindumps adiante).
Uma forma bastante eficiente de fixar o estudo é através da prática. Muitos livros de estudo contem exercícios práticos descritos passo a passo. Para fazer estes exercícios você vai precisar do produto, se não der para comprá-lo veja se não está disponível uma versão trial.
As Certificações de DesenvolvimentoQuando comecei a me interessar por certificação, a certificação para desenvolvedores era a MCSD (
Microsoft Certified Software Developer), retroativamente chamada de
MCSD Visual Studio 6. Para obter esta certificação eram necessários 4 exames: um de
Análise de Requisitos e Definição de Arquiteturas, um de
Desenvolvimento de Aplicação Desktop (com opções de Visual C++, Visual Basic e Visual FoxPro), um de
Desenvolvimento de Aplicação Distribuida (também com opções de Visual C++, Visual Basic e Visual FoxPro) e um exame "eletivo" (escolhido livremente em uma lista de cerca de meia dúzia de exames). No meu caso fiz o exame de aplicação desktop para Visual C++, o de aplicação distribuida para Visual Basic e como eletivo o
Projeto e Implementação de Base de dados com o SQL Server 2000.
Com o lançamento do .Net, a Microsoft criou duas novas certificações: MCAD (
Microsoft Certified Application Developer) e MCSD .Net. Para ser um MCAD são precisos 3 exames: um exame de desenvolvimento de Web Services e Server Components (em C# ou VB.Net), um exame de Desenvolvimento de Aplicações (Windows ou Web, em C# ou VB.Net, num total de quatro opções) e um exame eletivo (com várias opções). Para ser um MCSD .Net são precisos 5 exames: um de
Análise de Requisitos e Definição de Arquiteturas, um exame de
Desenvolvimento de Web Services e Server Components (em C# ou VB.Net), um exame de
Desenvolvimento de Aplicações Windows (em C# ou VB.Net), um exame de desenvolvimento de aplicações Web (em C# ou VB.Net) e um exame eletivo. No meu caso aproveitei o eletivo do MCSD VS6 e fiz os demais exames em C#. O lançamento do Visual Studio 2003 não afetou as certificações nem, até onde sei, os exames.
No final de 2005, junto com o lançamento do Visual Studio 2005, a Microsoft anunciou uma mudança profunda nas certificações. Foi criado o MCTS (
Microsoft Certified Technology Specialist), com três credenciais para desenvolvedor, relativas a aplicações Web, Windows e Distribuídas. Cada uma destas credenciais requer apenas 2 exames, um igual para todas (
Application Development Foundation) e outro específico. No início dos exames específicos deve-se escolher a linguagem de programação: C#, VB.Net ou C++ (somente para o exame de aplicações Windows). Além do MCTS, foi criado o
Microsoft Certified Professional Developer: Enterprise Applications Developer. Para ser um MCPD:EAD é preciso passar nos 4 exames de MCTS e mais o exame
Designing and Developing Enterprise Applications. Quem já é MCSD .Net pode obter o MCPD:EAD passando em dois exames de atualização.
Braindumps e Outras RobalheirasUma discussão sobre certificação não seria completa sem tocar neste assunto espinhoso (que muita gente prefere ignorar). No início de cada exame o candidato assina um termo de sigilo; a Microsoft protege as questões de prova também por copyright e como segredo industrial. Eventual material de rascunho usado durante a prova deve ser deixado no centro de teste.
Tudo isto não impede que algumas pessoas registrem em sites as suas recordações das questões de prova, gerando os chamados
braindumps. Um outro candidato pode então decorar as perguntas e respostas e com isto passar no exame sem saber nada (supondo que o número de variações de perguntas seja baixo frente ao número de braindumpers).
Algumas pessoas são ainda mais preguiçosas e se limitam a falsificar o certificado (ou simplesmente colocar no currículo certificações que não possui).
Isto serve também de materia prima para espertalhões, que revendem os braindumps como material de estudo ou simulados ou até mesmo oferecem certificados falsos.
Como já disse em outra ocasião, tudo isto é imoral e ilegal.
19/out/07: pequenos acertos no texto.