quinta-feira, abril 08, 2021

Memórias dos Anos 90: Mudando de Emprego

A troca de emprego em meados de 1993 foi uma mudança em vários sentidos e, para o bem ou para o mal, me alargou os pontos de vista e conhecimentos.

O jovem eu na minha mesa*


A primeira coisa que me chamou a atenção na Seal foi ser uma empresa presidida por um "homem de negócios" (apesar dele ter um diploma de engenheiro), As empresas onde eu trabalhei antes (Scopus e Humana) tinham um "DNA" mais técnico, vindo dos fundadores engenheiros. É difícil apontar aspectos específicos, mas a diferença era notável. A Seal se distinguiu também por estar bem capitalizada e investir pesado em estoque, equipamentos e pessoas.

Mas a mudança que me afetou mais diretamente foi que a Seal é uma empresa distribuidora e revendedora de equipamentos estrangeiros. No próximo post vou falar um pouco das tecnologias envolvidas; a Seal trabalha com AIC, a captura automática de informações. Inicialmente isto estava restrito a código de barras, mas foi se diversificando para outras coisas como coletores de dados, comunicação por radiofrequência e RFID.

O que eu fui fazer na Seal? Eu diria que a principal tarefa era absorver novas tecnologias e repassá-las para o resto da empresa. Em grande parte do tempo isso esteve relacionado à programação dos coletores de dados, inclusive a criação de aplicações específicas para clientes e algumas aplicações "genéricas". Ao longo dos anos em que estive lá algumas vezes eu me afastei disso, incluindo alguns anos de trabalho como "gerente de projeto" e um ano (muito estranho) como "gerente de produto".

O começo foi bem pauleira. Após poucas semanas lendo documentos e manuais e fazendo algumas brincadeiras simples com equipamentos, fui mandado para passar duas semanas em um fornecedor nos EUA (Symbol). O objetivo foi fazer um curso de manutenção de equipamentos e ter umas aulas informais sobre um equipamento que fazia parte de um sistema complexo vendido para uma siderúrgica. Foi algo como ser jogado em uma piscina sem saber nadar direito, mas consegui me virar. Apesar de eu ser um desenvolvedor de software e não um projetista de hardware, deu para acompanhar o curso e acredito ter trazido de volta bastante material e informações.

A segundo parte não foi tão boa. A pessoa que ia dar o treinamento não conhecia bem o equipamento (que era basicamente um PC com um software bem sofisticado, vou falar nele no futuro). Antes de começar ele, por segurança, foi fazer um backup do HD. E inverteu origem e destino... Tentou reinstalar o software mas se atrapalhou. No final não aprendi muita coisa.

Para fechar, algo meio curioso/trágico. O curso foi na Califórnia, em Costa Mesa, que é parte do Orange County. Um local bastante plano, com montanhas ao longe. De noite as montanhas apresentavam uma coloração vermelha e de dia estavam cercadas de nuvens de fumaça - um terrível incêndio florestal. A pessoa que me deu o curso informal tinha moradia em Malibu (!) mas estava na outra costas dos EUA (onde ficava a sede da empresa) quando começou o incêndio. Foi ver a sua casa um dia antes do curso. A casa estava intacta, mas as demais estavam queimadas e ele ouviu de um bombeiro que todos estavam certos que a casa dele seria a próxima a queimar. Apesar de atrapalhado, era um bom sujeito. E sortudo.


* Esta foto me traz várias lembranças. A Seal tinha acabado de se instalar neste prédio, que anteriormente tinha sido uma fábrica. Minha mesa ficava onde deveria ser um elevador e ficava sobre uma placa de metal, que balançava ligeiramente quando eu me movia na cadeira. A mesa e cadeira eram bem velhos, mas a mesa era maior que as outras  e a cadeira era inclinável. Naquela época a Seal usava micros e monitores da Gateway2000, não dá para ver na foto mas provavelmente era um 486. Drives de CD ainda não eram comuns, eu usava um Discman para ouvir música. As ferramentas de software rodavam no DOS, mas já era comum usar o Windows 3.1; os micros estavam ligados em rede usando o software LANtastic. No meu colo e na caixa de entrada vários manuais da Symbol, o formato usado ainda era o fichário.


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