quinta-feira, abril 22, 2021

Memórias dos Anos 90: Código de Barras II

Continuando a falar sobre código de barras, vou falar neste post sobre a impressão e as soluções que a Seal oferecia para isso.

Algumas impressoras da época que comecei a trabalhar na Seal


Um código de barras é uma sequência de barras com certos tamanhos e espaçamentos. À primeira vista podemos pensar que isso pode ser impresso em qualquer impressora gráfica, mas atualmente todo mundo já sofreu tentando ler o código num boleto* num caixa eletrônico ou com a câmera do celular.

O fato é que, mesmo com leitores bons, uma leitura rápida requer que as barras tem o tamanho e posição corretos, com bordas bem precisas, com bom contraste e sem falhas. Impressoras matriciais (alguém ainda lembra delas?) são bem ruins para isso. As jato de tinta são melhores, mas as bordas dependem da absorção da tinta.

A solução ideal, para a impressão sob demanda, são impressoras específicas que tem uma cabeça térmica com pontos quadrados e um mecanismo de tracionamento preciso. A impressão térmica direta, onde a cabeça imprime em um papel térmico, pode dar bons resultados mas a impressão tende a apagar com o tempo e o papel fica sujeito a marcas quando manipulado. Uma solução melhor é a transferência térmica onde a cabeça causa a transferência e fixação da tinta de um filme (ribbon) para o papel.

A Seal oferecia, na época em que eu entrei, impressoras de duas marcas: a Eltron e a Zebra. As impressoras Eltron eram térmicas direta, mais simples e baratas. As impressoras Zebra eram (e ainda são) bem mais sofisticadas (os vendedores adoravam dizer que elas tinha dois processadores RISC). Os modelos tradicionais tinham gabinete de metal, um lançamento "recente" era a linha Stripe com gabinete de fibra e preço menor. Uma curiosidade é que os comandos de impressão das impressoras Zebra são em uma linguagem chamada ZPL (nada a ver com a Zapt Programming Language, é claro). Anos mais tarde a Zebra viria a comprar a Eltron.

Um negócio associado à venda de impressoras é a venda dos ribbons. Inicialmente (antes do meu tempo) era um negócio muito lucrativo, mas logo surgiram muitos fornecedores e revendedores, levando a uma queda das margens. Ribbons originais da Zebra tinham preços mais elevados que marcas menos conhecidas e ribbons "genéricos". Corria um boato que um concorrente importava ribbons como se "filme fotográfico" para obter isenção de impostos por conta de algum incentivo cultural...

As opções de impressora de código de barras portátil foram aumentando com o passar dos anos. Estas impressoras eram para ser usadas com os coletores de dados (em breve vai chegar a vez deles). Uma aplicação interessante (que vocês já devem ter visto) é  a do leiturista (de água ou luz) que faz a impressão da conta logo após a leitura. Esta aplicação gerou batalhas jurídicas, pois os Correios consideravam que isso era contra o monopólio de entrega de contas.


* o código de barras nos boletos foi uma grande ideia, mas a implementação deixou um pouco a desejar. O tipo de código ("simbologia") escolhida foi o "intercalado 2 de 5" que é compacto (algo necessário pois o código tem 44 dígitos) mas não muito seguro. Em particular ele permite a leitura parcial do código.

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