Se no primeiro volume vimos as histórias evoluírem de um simples sequência de gags a narrativas articuladas, aqui temos algumas epopeias e o surgimento de algumas características que marcariam o Mickey em anos posteriores.
É o início da transformação de Mickey em um herói, motivado pelo desejo de ajudar a outros e não apenas correndo atrás de aventura e/ou lucro próprio. Os roteiros mais elaborados, com uma certa pitada da ciência e do fantástico.
Como o volume anterior, a produção é primorosa. Artigos, biografias e farto material adicional complementam as tiras.
"The Great Orphanate Robbery"
Mickey resolve ajudar o orfanato. Após conquistar algumas pequenas doações resolve encenar a peça "Uncle Tom`s Cabin" (que por aqui é chamada de "Cabana de Pai Tomás"). A campanha é um sucesso, porém o dinheiro arrecadado é roubado por Sylvester Shyster e Peg Leg Pete (que conhecemos no primeiro volume e voltam aqui em várias histórias). Para piorar, Horácio leva a culpa. Segue-se uma monumental perseguição de Mickey aos bandidos.
Mickey assume o compromisso de obter $1500 (uma verdadeira fortuna na época) |
"Mickey Mouse Sails for Treasure Island"
Desta vez Mickey está tentando ajudar uma viúva, cujo marido deixou o mapa para um tesouro enterrado. Mais uma aventura soberba, que acrescenta surpresas e toques cômicos ao conhecido enredo do livro "A Ilha do Tesouro".
Mesmo que você não tenha lido o livro, dá para imaginar o quão confiável é a tripulação... |
Uma história curta mas marcante, que começa com o tema de castelo mal assombrado e apresenta não um mas três cientistas amalucados que pretendem dominar o mundo.
Os terríveis Ecks e Doublex. |
Algumas tiras com ar de enchimento, estreladas pelo Pluto.
"The Mail Pilot"
Uma aventura épica. Começa com Mickey se inscrevendo para aprender a pilotar para ser um piloto do correio. Quando os pilotos começam a desaparecer é ele quem encontra e derrota os bandidos. Não vou entregar aqui todo o argumento, menciono apenas que o método e objetivo dos bandidos é grandioso e prenuncia aventuras misturando a ciência com o fantástico.
Tempos difíceis para os pilotos. |
Mickey é enganado e gasta todo o seu dinheiro em um pangaré. Sua única chance de pagar suas dívidas é ganhar a grande corrida. Soa um argumento batido de filminho da sessão da tarde, mas rende muitas gargalhadas e alguns momentos de tensão. O cavalo Tanglefoot fez bastante sucesso e mais de uma vez foi candidato a ser astro em um longa metragem, mas isto nunca aconteceu (o que não impediu de colocá-lo no poster de um filme onde ele não participa!).
Espera um pouco - Horácio também é um cavalo! |
Originalmente esta história chamava-se simplesmente "Mickey, o Detetive", seguindo o exemplo de outras que apresentavam Mickey temporariamente em alguma profissão. Porém, esta faceta se grudou ao Mickey e a partir daí pelo menos uma história por ano o apresentava como detetive, resolvendo algum caso. A trama é ligeiramente maluca (os ladrões roubam cabelo e ceroulas!) e bastante distante das histórias sérias que temos atualmente.
Significativo também é o companheiro de Mickey nesta história: Dippy Dawg, o precursor de Goofy (que aqui chamamos de Pateta). A interação entre os dois é bem diferente da com a Minie e com o Horácio (companheiros nas aventuras anteriores), Mickey é obrigado a assumir uma atitude mais madura, dada as excentricidades e a imprevisibilidade de Dippy. E Dippy não é um idiota (como infelizmente o Pateta é às vezes caracterizado), mas uma espécie de aloprado.
O amalucado Dippy herdou uma agência de detetives |
Veredito
Fortemente recomendado.
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