domingo, junho 19, 2022

Crítica: Perry Mason (Série da HBO, Temporada 1)

Eu imagino que a maioria de vocês não deve saber quem é Perry Mason. Alguns talvez se lembrem de uma referência a ele no Chaves. Entretanto o meu pai é fã dos livros e eu li a maior parte deles (difícil ter certeza, pois são muitos). Daí o meu interesse por essa série, mas eu realmente não esperava o que eu vi.


O Perry Mason dos Livros

Perry Mason é a criação de Erle Stanley Gardner, um escritor com imensa produção de livros. Ele até adotou um dos primeiros gravadores  de fita (dictating machine) para acelerar o processo. Perry Mason foi criado nos anos 30 e seus livros vão desta época até o final dos anos 60. São no total 82 livros (dois deles publicados postumamente no início dos anos 70).

Perry Mason é um advogado bem sucedido e em todos os casos o seu cliente é acusado de assassinato. O que distingue Perry Mason é que ele não se limite a atuar dentro da corte, investigando (e resolvendo) os crimes. Atua com frequência nos limites da lei, para desespero da polícia e dos promotores. É ajudado pela sua fiel secretária, Della Street. Existe um ar de romance entre Perry e Della, ele chega a pedi-la em casamento um par de vezes mas ela rejeita por medo de estragar a relação (principalmente a parte profissional dela). Outro ajudante constante é o detetive particular Paul Drake.

Perry Mason foi bastante popular nos EUA e objeto de filmes e seriados. A mais famosa é a série de TV produzida de 57 a 66, com Perry Mason interpretado pelo ator Raymond Burr.

A Série da HBO

A primeira temporada (a única disponível no momento) se passa em 1932 e é uma espécie de prequel. Perry Mason não é um advogado, mas sim um investigador particular amargurado e endividado. Logo nos primeiros minutos podemos observar algumas marcas típicas das séries da HBO: nudez, sexo e violência. Algo radicalmente diferente do estilo família dos livros.

A trama desta temporada é o rapto e assassinato de uma criança. É algo mais no estilo noir que o who-done-it dos livros. Ou seja, uma trama sórdida e confusa.

Faz parte das adaptações atuais dar uma remexida nos personagens em nome da "representatividade". Della Street tem uma namorada, o que estraga o contexto romântico da relação entre eles e Paul Drake é negro (não tenho certeza se as descrições do livro falavam algo a respeito disso). Mas o que importa é que Juliet Rylance e Chris Chalk estão ótimos nestes papeis.

Alguns personagens secundários são marcantes, principalmente a Irmã  Alice McKeegan, uma pregadora na caricata "Assembleia Radiante de Deus".

O final do caso não me agradou 100%, mas certamente deu uma conclusão à primeira temporada e reposicionou os personagens para a segunda (que está a caminho).

Veredito: Se você tem HBO, dê uma olhada e veja se gosta do estilo. Mas não espere nada semelhante aos livros.


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