À medida em que me aproximo da data atual fica mais difícil (e delicado) escrever estas memórias. Daí a longa pausa desde o post anterior. Cronologicamente falando, no último post eu estava (em 2000) na Unidade de Negócios de Software da Seal. Este trabalho teve os seus altos e baixos e acabou encerrado por grandes mudanças na Seal.
A Seal dominava de forma categórica o mercado de AutoID (identificação automática) com uma atuação pouco comum: ela atuava simultaneamente como distribuidora (vendendo produtos para revendas) e como revenda/integradora (vendendo também os mesmo produtos diretamente para usuários finais).
A partir de 2000 os principais fabricantes estrangeiros começaram a se mover para criar filiais no Brasil e adotar uma estrutura mais tradicional, com distribuidores cuidando da importação e estoque e vendendo apenas para revendedores (que, por sua vez, vendem para os usuários finais).
No caso do principal fornecedor, a Symbol Technologies, a Seal tinha se protegido no contrato e a criação da filial e a mudança da estrutura tiveram que ser negociadas. Quando a poeira assentou, em 2001, os sócios da Seal foram bem recompensados, a filial da Symbol adquiriu os equipamentos no estoque da Seal e uma boa parcela dos funcionários da Seal passaram a trabalhar nessa filial.
Sobrou na Seal um número de funcionários maior que o se julgava necessário para as novas operações e o resultado foi um doloroso corte e reestruturação. Foi um período parcialmente triste e confuso. A maior parte de 2002 a pergunta que eu me fazia era o "e agora?".
Ao final de 2002 encerrei o emprego na Seal e parti para um novo desafio: em sociedade com o amigo que eu fiz lá no começo da carreira na Scopus (e que me precedeu na Humana e na Seal) fundamos uma empresa de software. Pois é, a partir daí virei um empresário.
Cabe dizer que a Seal seguiu em frente e continua firme e forte. Diversas vezes fizemos trabalhos conjuntos com eles e temos lá grandes amigos.
A história da Symbol foi mais conturbada. Em 2002 um escândalo sacudiu a empresa, com a descoberta que a contabilidade tinha sido fraudada com vendas fictícias. O CEO fugiu do país, foi condenado à revelia e está até hoje na lista de procurados. O fundador da empresa, mesmo não estando envolvido com o escândalo, pediu desculpas aos acionistas e se afastou da empresa. Em 2007 a Symbol foi adquirida pelo Motorola, que quatro anos depois se dividiu em duas. Em 2014 esta operação foi adquirida pela Zebra (uma empresa de AutoId especializada em impressoras de código de barras), que voltou a usar a marca Symbol nos coletores de dados. A filial brasileira segue firme (e também tenho grandes amigos lá dos tempos da Seal).
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