Após o Lepus e 200 o TVA 2052, o próximo projeto na Scopus foi o TVG 4001. Neste caso eu participei somente das etapas inicias (especificação e anteprojeto), na hora de iniciar o desenvolvimento propriamente dito eu fui alocado para algo bem diferente: o projeto de um micro compatível com o PC IBM (mas isso será história para depois).
Apesar de não ter participado oficialmente do desenvolvimento eu continuei acompanhando e cheguei a dar minhas contribuições no código.
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| Aquela caixa lembra o meu projeto de formatura... |
O começo do projeto foi algo meio surreal (algo que os anos me mostraram ser comum em projetos). A Scopus tinha fechado um negócio com a Embratel para o fornecimento de um terminal gráfico colorido. Como especificação me passaram um cópia do contrato. Estava lá bem detalhada a quantidade de terminais, o preço de cada um (não me perguntem, porque não lembro), a forma de pagamento e o prazo de entrega. O que não tinha era nenhuma especificação técnica! Potencialmente a Embratel podia exigir qualquer coisa... Felizmente os responsáveis técnicos na Embratel eram bastante sensatos.
Um requisito (que não estava no contrato) era usar como monitor uma TV alterada. Isto limitava a resolução possível. O chip para controle do vídeo gráfico já tinha sido definido. O terminal precisar ser alfanumérico também, a ideia original era o terminal operar de modo gráfico ou alfanumérico. Eu e o projetista do hardware (um colega de turma) tivemos a ideia sobrepor os dois vídeos. Isto exigia selecionar ponto a ponto entre dois sinais; os veteranos diziam que seria impossível, mas nada detém engenheiros recém-formados.
Com a flexibilidade dada pelo técnicos da Embratel o projeto ficou bastante divertido. A ideia era extrair o máximo possível do hardware e do nosso (pouco) conhecimento gráfico. O teclado ficou grande, pois inventamos várias teclas (porque só 4 teclas para o cursor? Vamos incluir as diagonais!).
A minha contribuição foram alguns algoritmos para desenho dos gráficos. Eu fiquei quebrando a cabeça sobre como fazer uma função de preenchimento (nada de internet para sair procurando!). Acabei descobrindo um algoritmo que funcionava só para figuras convexas e ele foi incluído no terminal.
O TVG-4001 acabou sendo lançado na mesma época que o PC compatível (o Nexus 2600) e chegaram a ser apresentados lado a lado em uma feira. Curiosamente, o TVG apresentava imagens mais bonitas, apesar das resoluções serem praticamente iguais. O primeiro motivo era a disponibilidade de cores: a CGA só oferecia 4 cores simultâneas (com escolha muito reduzidas) enquanto que o TVG permitia 8 cores simultâneas, cada uma selecionada livremente entre 64. O segundo motivo era que as imagens da demonstração do TVG tinham sido feitas por um artista contratado pela Embratel.
Eu, o amigo que desenvolveu o software (que me acompanharia pelas outras empresas em que passei) e o meu colega de escola responsável pelo hardware (pela parte digital, para ser mais preciso), chegamos a fazer um artigo sobre o terminal para um congresso. Não foi aceito para apresentação, mas foi incluído nos anais. Você pode ver o texto aqui.
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