Existiu uma certa confusão sobre as celebrações de "virada do milênio" serem feitas no início ou final do ano 2000 (a wikipedia em inglês tem um texto sobre isso). Na prática, nós comemoramos no final de 1999. O que vou falar aqui abrange 1999 e 2000, um período meio confuso para mim.
Bug do Milênio
Para quem trabalhava com informática (e, indiretamente, todo mundo trabalha com informática desde os anos 80) a passagem de 1999 para 2000 lembra o "bug do milênio". Se por acaso alguém não sabe do que foi, muitos sistemas guardavam os anos com dois dígitos e poderiam considerar 2000 como 1900. Afora gambiaras ("considerar anos abaixo de 30 como 20xx e acima como 19xx"), a solução seria mudar os sistemas para trabalhar com quatro dígitos. Na prática muitas empresas aproveitaram para trocar os seus sistemas, criando o boom dos sistemas de gestão (ERPs).
Teve especialista prevendo o fim da civilização tal qual a conhecemos, com a parada de serviços essenciais como luz e água, hecatombe nuclear, etc. O fato de você estar lendo isso prova que o mundo não acabou.
A não-Crise dos 40 e o Marea
Em 1999 eu completei 40 anos sem maiores traumas. Ainda estava ocupado demais vivendo o dia a dia para me preocupar com isso. O que mais se aproximou de um efeito colateral foi a troca de carro.
Até então "comprar um carro novo" era comprar o carro usado do meu irmão. Mas desta vez a minha esposa estava insistindo em comprar um "carro zero" e as financias permitiam. Nesta época toda a família tinha carros da Fiat e ela foi ver um Palio. Teoricamente era um carro "barato" (dentro do conceito brasileiro de carro barato), mas tudo era opcional e cada item aumentava o valor... Quando ela me mostrou os números eu comentei que quase pelo mesmo preço dava para comprar um Marea... Algum tempo depois estava com um Marea na garagem. Em minha defesa, o Marea ainda era novidade (tinha até um adesivo "Carro do ano de 1998").
O começo não foi auspicioso: menos de um mês após a compra minha esposa sofreu um "sequestro relâmpago" e o bandido a escolheu pela aparência do carro... (no final não tivemos perdas financeiras, o carro foi encontrado no dia seguinte e, mais importante, minha esposa não sofreu violência física).
Eu diria que o Marea era um ótimo carro quando você estava andando com ele na estrada. Mas você sofria quando ele parava num posto ou numa oficina... Logo no começo, eu desisti de calcular o consumo para não sofrer. Os problemas mecânicos demoraram alguns anos para aparecer (nada pirotécnico, mas motor e câmbio pifaram por sobreaquecimento). O infeliz ainda me perturbou depois que passei adiante, pois a concessionária que o comprou não fez a devida transferência eu recebi multas e cobranças de impostos (hoje em dia é possível bloquear após a venda, na época ou não era possível ou eu comi mosca).
Mudanças no Trabalho
Esta época foi de grande expansão para a Seal e, como já comentei, fui para um departamento de Marketing de Produto. Embora tivesse um lado divertido, tinha uma sensação de estar meio de lado na empresa, além de estar longe do que mais gosto (desenvolvimento de software). No organograma o Marketing de Produto estava sob um diretor (que tinha sido recrutado de uma empresa concorrente), mas tive pouquíssimo contato com ele.
Eu estava começando a procurar novas oportunidades, quando o meu amigo do tempo desde os tempos da Scopus (que também estava se sentindo deslocado com as mudanças) sugeriu propormos aos diretores da Seal a criação de uma Unidade de Negócios de Software. A ideia era dar mais autonomia para o departamento de desenvolvimento de software e fazer um esforço de marketing e vendas para as soluções criadas lá.
A proposta foi aprovada e foi acompanhada de uma mudança física. A Seal tinha crescido a ponto de ter que se dividir em dois locais. O segundo local (distante alguns quilômetros) era um imenso galpão onde ficava o depósito de produtos, com um mezanino onde ficavam a engenharia e o software.
Estava de volta ao software e muito trabalho viria pela frente.
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