quinta-feira, julho 22, 2021

Memórias dos Anos 90: Marketing de Produto

Estamos chegando ao final dos anos 90 e a uma fase mais confusa da minha vida profissional. Vocês já me imaginaram trabalhando com Marketing?

Você compraria um coletor desse sujeito?


Quando eu entrei na Engenharia da Seal, acho que erámos cerca de meia dúzia no departamento. Mas o departamento foi crescendo rapidamente, ao mesmo tempo que a variedade de produtos da empresa crescia. O departamento foi dividido em grupos, mas acabou sendo explodido em uma restruturação. Ao lado de outras pessoas mais experientes, fui alocado num novo departamento de Marketing de Produto.

O que a gente fazia? Basicamente estudava os produtos e difundia informações (principalmente técnicas) sobre eles.

Um dos resultados foi um conjunto de treinamentos internos; o material (apostila e apresentação) eram bem completos (na minha não modesta opinião). Outra atividade divertida foi preparar apresentações para as revendas (lembro de ter comparado uns carrinhos de enfeite para festa de criança e colocado código de barras para demonstrar o uso de coletores em inventário).

Uma coisa às vezes curiosa era ajudar a área comercial nas disputas com os concorrentes. Neste época existiam diferenças significativas entre os produtos (algo que foi diminuindo com o tempo), resultado de decisões diferentes de compromisso durante o processo. Um caso especial eram as concorrências públicas, que tipicamente tinham uma planilha para atribuir pontos para diversas características dos equipamentos (será que ainda é assim?). A partir de certo ponto bastava eu dar uma olhada rápida nestas planilhas para descobrir qual concorrente tinha feito o melhor trabalho de pré-venda. As pontuações para coisas como tamanho dos caracteres na tela, tamanho de certas de teclas ou capacidade de memória (entre outras) podiam ser bem defendidas, mas resultavam em vantagem clara para certos equipamentos.

Mesmo estando no "marketing" (o departamento de marketing de produto era totalmente separado do  departamento de marketing tradicional), ainda sobravam algumas tarefas de desbravamento técnico. Em particular uma nova linha de coletores italianos de baixo custo. O hardware era bastante simplista, usando um processador 8051 e praticamente não tendo sistema operacional. Ao entrar no modo standby a memória era mantida mas não o conteúdo da tela. A aplicação (escrita em C, é claro) tinha que redesenhar a tela sempre que o coletor "acordasse".

Estes coletores tinham também um sistema de comunicação por rádio frequência, operando na faixa de 433MHz. Na prática o sistema se mostrou aquém das especificações e achamos alguns bugs chatos. Um investimento significativo no desenvolvimento de bibliotecas acabou não sendo recuperado.

 Em retrospecto, a passagem pelo Marketing de produto foi uma atividade divertida (embora nem sempre gratificante). Mas o que eu queria mesmo era desenvolver software e é isso que voltei a fazer nos anos 2000.

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