Vou fugir aqui da ordem cronológica e falar sobre as evoluções do Zapt após o seu lançamento.
O folheto do Zapt também evoluiu |
Uma grande mexida foi a implementação de drivers para controle de interfaces e modems. Ao longo dos anos as rotinas de acesso a interfaces e comando de modems do Z e do Zapt foram crescendo até chegar numa complexidade onde suportar um novo modelo resultava num período de instabilidade do software.
Configurando um placa modem Elebra |
Mover estas rotinas para fora do Zapt pode parecer simples, mas envolveu criar toda uma API para que Zapt e driver trocassem as informações necessárias. Foi preciso também permitir que o driver incluísse a sua tela de configuração entre as telas de configuração do Zapt.
Foi um processo longo e daqueles que o usuário não enxerga.
Num outro extremo, tivemos uma modernização da interface com o usuário (basicamente os menus). Algo bem visível mas que não trazia novas funcionalidades. O Z (e a primeira versão do Zapt) se baseava no modelo do Lotus 123, com alguns aperfeiçoamentos. O menu era uma barra horizontal, apresentada ao digitar Alt. Na linha de cima os comandos (com uma letra de acionamento em destaque) e na linha de baixo uma ajuda simples. O usuário experiente podia digitar direto Alt letra. O menos experiente digitava Alt e navegava pelas opções com as setas.
Os submenus eram sobrepostos |
No Zapt a barra passou para a vertical e os caracteres semigráficos foram usados para fazer bordas e sombras. Era a moda das aplicações modernas (da época).
O mais interessante deste projeto foi que ele foi feito com impacto mínimo no restante do código.
Nos dois aperfeiçoamentos anteriores o meu trabalho foi mais de gerenciamento (estava virando "chefe"). Mas coloquei a mão no código no aperfeiçoamento seguinte: as telas de ajuda (outra coisa que estava entrando em moda). A ajuda do Zapt usava o conceito de hipertexto (já ouviram falar? sabe o ht de http e html?). As páginas de ajuda tinham palavras (links) que levavam a outras páginas. Não lembro mais os detalhes, mas acho que defini o formato dos arquivos de ajuda (com as tabelas para implementar os links e compactação do texto) e fiz o "compilador" que gerava o arquivo de ajuda a partir de um arquivo texto. O resultado me surpreende até hoje. A ajuda do Zapt era sensível ao contexto, apresentando a ajuda apropriada para a tela (ou campo). Drivers e filtros tinham também as suas ajudas, que se integravam com a do Zapt.
As palavras em intenso são os links |
Um último "aperfeiçoamento" que quero comentar diz respeito a uma coisa polêmica: proteção contra cópias. A Humana não era paranoica, mas seu modelo de negócio se baseava em cobrar uma cópia por cada máquina onde o programa fosse executado. Para isto o disquete original funcionava como uma "chave" que precisava estar no drive para o programa executar e cada cópia tinha um número. Ainda no tempo do Z, foi criada a possibilidade de instalação no HD. Era permitida uma única instalação simultânea, para instalar em outro HD era preciso desinstalar do anterior. Junto com o processo de instalação em HD foi criado um processo de licenciamento, onde o nome do cliente era gravado no software.
Nós estávamos conscientes que a proteção era um transtorno para o cliente e procurávamos fazer com que fosse mínimo. De vez em quando a gente se defrontava com uma situação que mostrava que nem todos os clientes jogavam limpo. Teve uma vez que, num suporte em campo, descobrimos que o cliente usava uma única cópia de Z em três micros lado a lado, colocando o disco cada vez num micro (para não atrapalhar demais os clientes o Z e o Zapt testavam a chave só na iniciação). Disquetes danificados eram trocados (acho que inicialmente sem custo, depois foi criada uma taxa). Um dia recebemos um disquete de Z sujo de café. O estado da etiqueta sugeria que ela tinha sido removida no disco original e colada num outro disquete.... Aqui a paranoia falou mais alto e os discos do Z e Zapt passaram a receber uma marca em relevo.
Ao longo dos anos 80 o uso de proteção nos softwares foi caindo, frente a reclamações e campanhas de usuários e revistas. Em algum ponto no início dos anos 90 a proteção do Zapt foi retirada. As cópias continuaram numeradas e identificadas, mas o usuário podia fazer cópias backup livremente.
2 comentários:
Bom dia !
Quanto à questão das cópias do disquete, e se o cliente fizesse um "Diskcopy a: b:" ?
Havia alguma proteção (tipo int 42h) ?
Abração.
Alexandre.
Alexandre, não lembro dos detalhes, mas era algo do tipo ter um setor a mais em uma das trilhas, gravado de forma "não convencional". O diskcopy não copiava porque desconhecia o setor. Além disso era extremamente difícil (para não dizer impossível) gravar desta forma com a controladora do PC (a formatação dos discos era feito usando um hardware especial).
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