quinta-feira, fevereiro 18, 2021

Memórias dos Anos 80: Emulação de Terminais IBM com o Z e Zapt

 Nos anos 80 o grande volume de terminais estava nos terminais para mainframes IBM. Entretanto a complexidade destes terminais era alta e a Humana demorou um tempo até oferecer soluções de emulação para eles. Mas, com o passar dos anos, a lista de soluções para conexão a IBM ficou imensa.

O terminal 3278, não muito carinhosamente chamado de "cabeção"


A arquitetura clássica da conexão de terminais aos mainframes IBM consistia em ter uma controladora, que se ligava local ou remotamente ao mainframe. A esta controladora se ligavam os terminais, através de cabo coaxial. O mais popular no Brasil eram as controladoras remotas, como a 3274, que se comunicavam por um protocolo síncrono conhecido como BSC e os terminais coaxiais 3278. O terminal TVA3270 da Scopus emulava um equipamento IBM 3276, que era uma controladora 3274 junto com um terminal 3278.

Inicialmente o Z só tratava comunicação assíncrona; mais adiante passou a tratar comunicação síncrona (já falei sobre isso). O que faltava era obter a documentação e implementar a emulação. Isto foi viabilizado com uma parceria com a Scopus, que alocou na Humana uma projetista (uma colega de turma) e um Nexux 2600 (mais adiante ambos seriam incorporados à Humana).

O primeiro filtro foi o Z3270B, basicamente uma emulação de 3276 com a possibilidade de emular múltiplos terminais 3278 simultaneamente.

O uso de comunicação síncrona complicava as coisas, muitas vezes eram usadas linhas telefônicas dedicadas (e mais caras). Isso abriu caminho para diversos "conversores de protocolos" que dê um lado falavam com o mainframe e do outro com terminais assíncronos simples (a emulação ficava no conversor). Os filtros ZCMA e ZPCL foram criados para falar com os conversores das empresas CMA e PCL.

Uma solução mais sofisticada era um firmware para a controladora IBM que permitia a conexão de terminais através da Renpac (rede nacional de pacotes, uma infra estrutura da Embratel). O mainframe se conectava à Renpac através do protocolo X-25 e os terminais se conectavam através do X-28 (que era basicamente uma comunicação assíncrona). Acessos X-28 podiam ser feitos tanto por linhas dedicadas como discadas. Substituindo no Z3270B a comunicação síncrona por assíncrona e retirando a emulação de controladora, criou-se o Z3270R.

A emulação do terminal coaxial 3278 exigia um hardware especial. Hardwares deste tipo surgiram bem cedo na vida do IBM-PC, a marca mais conhecida era a IRMA e clones dela surgiram e se multiplicaram. Estas placas vinham com um software de emulação próprio. Além disso, neste caso a imagem da tela ficava na placa e o software tinha que monitorar periodicamente para detectar mudanças e atualizar a tela apresentada pelo PC. Por esse motivo, relutamos um pouco para ter essa solução. Mas acabamos fazendo.

Por último (nesta descrição, mas não exatamente na ordem de implementação), tivemos o filtro ZRJE. Também usando o protocolo BSC, uma estação RJE (Remote Job Entry) era (originalmente) uma combinação de leitora de cartões e impressora. O seu uso era permitir executar tarefas no mainframe de um local remoto (daí o nome). O ZRJE emulava as estações IBM 2780 e 3780. Segundo o folheto da Humana, estas estações eram suportadas não só pela IBM nas também pela Unisys e vários fabricantes de micros.

O ponto alto da emulação de terminais IBM, já nos anos 90, foi o Z3270E, uma solução para redes locais (algo que estava finalmente deslanchando, após uma década de anúncios do "ano das redes"). Em um dos micros da rede era instalado o SZ74-BSC, um servidor de comunicação que emulava a controladora 3274. Este software rodava em "background" e recebia a conexão, via rede, dos Zapts com filtro Z3270E. O rede suportada era a Novell (e compatíveis que usassem a interface IPX). Estas redes tipicamente usavam cabo coaxial para interligação das estações.

Um comentário:

Filho disse...

Tenho um 3278 com teclado e cabos, encostado na garagem.