domingo, agosto 18, 2019

Crítica: Space Odyssey: Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke, and the Making of a Masterpiece

O meu primeiro contato com 2001 foi o livro do Arthur C Clarke, na biblioteca do ginásio. O filme eu só vi um bom tempo depois. "Space Odyssey: Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke, and the Making of a Masterpiece" foi a minha oportunidade de conhecer mais sobre o processo que gerou os dois.


O livro foca principalmente Kubrick, com Clarke ficando em segundo plano. Um detalhe é que Clarke estava apertado de dinheiro na época (leia o livro para saber o motivo!) e sofreu com as condições impostas por Kubrick, tendo inclusive que recusar uma proposta de uma editora (que lhe daria direito a um significativo adiantamento) para o livro não ser lançado antes do filme.

Ao contrário do que eu imaginava, o processo de Kubrick foi principalmente interativo, com decisões e mudanças importantes ocorrendo ao longo da filmagem (o que explica em parte as divergências entre o livro e o filme). Sua busca por excelência se sobrepôs a custos e tempo e trouxe desconfortos para todos os envolvidos.

A fabricação do icônico monólito ilustra este processo. Após desistir da ideia inicial de uma pirâmide e aceitar o formato retangular, uma primeira versão foi feita em plástico transparente, num processo que demorou meses. Ao ver a peça com 3,6 m de altura e 0,5 m de espessura, Kubrick não gostou do leve tom esverdeado e a dispensou: "Arquive!". O custo da peça é estimado no equivalente a 400 mil dólares em valores atuais.

Em uma era onde não existia CGI, os efeitos visuais tinham que ser feitos através de truques práticos ou manipulações óticas. A primeira cena a mostrar o interior da Discovery (também icônica, tudo no filme virou icônico e lendário) foi filmada em um cenário móvel imenso. O posicionamento das câmeras neste set era muito complicado. Em algumas cenas atores ficavam presos por fios a alturas de vários metros.

Kubrick correu um imenso risco na produção de imagens compostas. Após a filmagem de cenas que exigiam a sobreposição de imagens, os rolos de filme eram armazenados em câmaras frias sem serem revelados. Meses depois, após o termino das filmagens nos sets, os filmes foram re-expostos para acrescentar os efeitos especiais. Este processo garantiu uma melhor qualidade do resultado, porém um dano nos filmes poderia destruir imagens muito difíceis de duplicar (os cenários já tinham sido desmontados).

Veredito

Recomendado. Além de revelar fatos interessantes por trás das cenas famosas do "proverbial good science fiction movie", vemos um pouco da complexa personalidade de um dos maiores diretores de cinema do século XX.

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