quinta-feira, agosto 20, 2009

Sete coisas que o Windows 7 pode aprender com o Linux?

Via OSNews, cheguei a um artigo que lista sete coisas que o Windows 7 poderia aprender com o Linux (na opinião do autor, é claro). Não tenho muita vivência com o Linux, mas me arrisco abaixo a examinar a lista do ponto de vista de alguém que é usuário e desenvolvedor de aplicações para o Windows.

Lançamento Mais Frequente de Versões

Resposta curta: Não!

De certa forma podemos dizer que a Microsoft tem feito isto de forma discreta (e gratuita), através dos Services Packs. E pagar por um service pack deixa um gosto amargo na boca (alguém se lembrar do Win98 SE?).

Para as médias e grandes empresas, atualizar o sistema operacional é uma operação de guerra. Requer planejamento, preparação, execução e estabilização. Se tiver que fazer isto ano sim ano não, metade do pessoal de TI enfarta.

Do ponto de vista dos desenvolvedores, é preciso lembrar que a substituição de versões "no campo" é uma coisa bastante lenta. Ainda encontramos clientes apegados a coisas antigas como Windows 2000 e IE 6. Isto complica os testes e o suporte.

O fracasso do Vista deu um bom respiro para os profissionais de TI e para os desenvolvedores, quem sabe algum dia alguém consegue medir tudo o que se conseguiu fazer graças a ele.

Acho que uma nova versão a cada quatro ou cinco anos está de bom tamanho. Não pressiona demais TI e desenvolvedores e dá oportunidade de fazer e testar um conjunto significativo de novas funcionalidades e aperfeiçoamentos.

Identificação Mais Sensata para as Versões

Resposta curta: nada para ver aqui, siga em frente.

Do ponto de vista do desenvolvedor, a versão do Windows se resume (para a maioria das aplicações) a dois números: MajorVersion e MinorVersion.

Acontece que a identificação das versões saiu do Desenvolvimento faz muito tempo e foi parar no Marketing. Talvez até antes de 1980, quando George Tate criou um sócio fictício, chamou a empresa de Aston-Tate e lançou o DBase II sem nunca ter existido um DBase I. Parece ridículo, mas deu certo.

É claro que eu gostaria que a Microsoft (e outros) seguisse sempre a mesma lógica para identificar as versões para o mercado, mas é claro que isto não vai acontecer.

Atualizações On-Line

Resposta curta: ok para Windows, nem tanto para aplicações.

Isto já ocorre com os Service Packs. Somente duas coisas seguram a disponibilidade das novas versões como download: o medo (bobo) da pirataria e a não universalidade de banda larga de verdade.

No que diz respeito a aplicações de terceiros, fico muito em dúvida. Como usuário, é bom encontrar todos as atualizações em um único local. Como desenvolvedor, fico receoso. Alguém será responsável pelo repositório de aplicações e isto representa um grande poder e uma grande responsabilidade. Não gostaria de algo como a App Store da Apple para os aplicativos de PC.

Melhor Integração de Aplicações com a Web

Resposta curta: Hã?

Não entendi bem este ponto. O Windows Vista já tem um esquema de Gadgets para o desktop. E ele se "integra com a Web" da mesma forma que a maioria das soluções "Web 2.0": usando JavaScript, sem precisar de "KDE hackers". E será que já tem alguns gadgets para download por aí?

Suportar Ambientes Abertos de Desenvolvimento

Resposta curta: Hã?

Ou o meu inglês está ruim ou estão faltando algumas palavras no texto do artigo...

De qualquer forma, o que se espera da Microsoft é que ela crie e documente interfaces do programação no Windows que possam ser usadas pelos mais diversos ambientes de desenvolvimentos. Apesar de alguns escândalos no início da história do Windows (os bons tempos do Undocumented Windows) a maioria das interfaces estão aí para quem quiser usar. E são usadas por uma grande quantidade de ambientes de desenvolvimento, tanto abertos como fechados.

Emagrecer Para o Mundo Móvel

Resposta curta: Em termos.

O que o texto sugere (emagrecer, deixar modular, etc) já foi feito no final do século passado, resultando no Windows CE. Que foi projetado sim para notebooks pequenos (os H/PC). O que se viu na prática é que os usuários relutam em abrir mão dos recursos do Windows completo (o que continua a segurar o mercado dos netbooks). Não custa lembrar que o próprio Linux cresceu bastante também e que este é um dos motivos de muitos netbooks optarem por distribuições específicas.

O Windows 7 requer bem menos do computador que o Vista; por outro lado a capacidade dos netbooks continua crescendo. Eu prefiro aguardar até o final do ano antes de dar uma palavra final.

Melhor Suporte a Dispositivos

Resposta curta: Em termos.

É no mínimo curioso ver isto, quando uma das reclamações mais frequentes que vejo é que os fabricantes de dispositivos não suportam o Linux.

Enfim, a questão é: de quem é a responsabilidade de desenvolver drivers - o desenvolvedor do sistema operacional ou o fabricante do dispositivo?

Minha expectativa é que um sistema operacional venha com os drivers para os dispositivos padronizados ou mais populares. Me parece exagerado esperar que ele venha com drivers para dispositivos muito antigos ou extremamente específicos. Por outro lado, devem existir recursos (bibliotecas, documentações, ferramentas, exemplos) que simplifiquem a tarefa de quem quiser desenvolver drivers. Não tenho experiência com isto, mas o pessoal que mexe com isto não parece muito insatisfeito com a Microsoft.

O que complica no caso do Windows (e não sei como é nos outros SOs) é que o formato dos drivers mudou várias vezes. Se por um lado isto significa aperfeiçoamento do modelo, por outro significa que drivers para uma versão antiga não servem para uma versão mais nova. Neste ponto o Windows 7 se beneficia da compatibilidade de drivers com o Vista (até onde eu sei).

A maioria dos relatos que eu tenho visto mencionam que o Windows 7 está muito melhor que o Vista neste aspecto, com os drivers sendo encontrados na maioria dos casos no disco de instalação do Windows.

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