Vou quebrar a sequência cronológica dos meus posts de memória e voltar alguns anos atrás para falar de um sistema que eu conheci nos anos 90 e que eu vi em prática recentemente: o PSS (Personal Shopper System). Neste sistema, o cliente do supermercado realiza ele mesmo a leitura dos códigos de barras dos produtos à medida em que os pega nas gôndolas (prateleiras) e coloca no carrinho. Parece uma viagem? Está funcionando desde os anos 90 em lojas do supermercado Albert Heijn na Holanda.
Uma das apresentações mais legais que eu vi foi um cara de marketing da Symbol apresentando o PSS. Ele começou mostrando uma foto de Clarence Saunders e explicando que, antes dele criar o "supermercado", as lojas tinham um balcão com as mercadorias de um lado e os clientes do outro. Quando Saunders anunciou que pretendia fazer uma loja onde os cliente poderiam andar no meio das mercadorias, todo mundo disse que ele era louco, que iam roubar os produtos e o "supermercado" ia quebrar. A ideia da apresentação era mostrar o PSS como um ideia igualmente disruptora.
Nos anos 90, o PSS usava um coletor baseado na já mencionada série 3000. O teclado era limitado (se lembro corretamente) a três teclas: '+' (para acrescentar um produto), '-' (para retirar um produto) e '=' (para visualizar o que foi registrado e o valor a pagar). Quando não estavam em uso, os coletores ficavam em um dispensador /comunicador/carregador (como na foto acima), um solenoide em cada posição travava o coletor.
A operação era simples: o cliente passava um cartão em uma estação de entrada e um coletor era liberado. O cliente fazia as compras lendo os códigos de barras. Ao final, colocava o coletor de volta no dispensador e o total era apresentado em um totem onde o pagamento era feito através de cartão e o tíquete era impresso.
O sistema tinha (e provavelmente ainda tem) algumas precauções contra o mau uso. Em primeiro lugar, o seu uso é somente para clientes "especiais" previamente aprovados (o fato do cliente ser considerado especial tem também um certo efeito psicológico). O cliente podia ser escolhido "aleatoriamente" para um conferência. Aleatoriamente entre aspas, porque a lógica padrão era ter probabilidade alta nas primeiras vezes e no caso de ter sido encontrado divergência em conferências anteriores. Se comentava que o mais comum nas conferências era descobrir que o cliente tinha tirado um produto do carrinho e esquecido de registrar a retirada no coletor.
Uma coisa inesperada foi que a Seal vendeu um sistema desses para um supermercado de Goiás. Não acompanhei de perto este projeto por isso não sei como foi a operação.
A versão atualmente em uso no Albert Heijn tem coletores mais modernos, mas o conceito parece ser o mesmo.
Se este sistema parece ser incrível, nas lojas menores do Albert Heijn (eu vi em estações de trem) ao invés do PSS é comum ter leitores de código de barras, terminal e leitor de cartão para você mesmo passar os produtos e pagar. Pagar com dinheiro é bem mais demorado, as lojas tem somente um ou dois atendentes que estão sempre ocupados com outras coisas ao invés de ficar no caixa.
2 comentários:
Aqui em Campinas, vários supermercados estão adotando o self-checkout. É da forma que você descreveu no último parágrafo: um totem com tela touch para que o cliente entre algumas informações (CPF na nota, meio de pagamento, digitação manual de código de barras...), um leitor de código de barras e um POS para leitura do cartão. Não é imediatamente óbvio, mas tem também uma balança na "saída", onde ficam as sacolas (e talvez uma na "entrada", não tenho certeza).
O fluxo é: o cliente passa o produto no leitor e coloca na sacola de saída, que fica sobre a balança. Então o sistema checa se o peso adicional condiz com o que foi passado no leitor. Se divergir, ele trava tudo e vem um atendente "auxiliar" o cliente, e, obviamente, verificar um possível furto. Eu percebi esse negócio da balança por dois motivos:
1 - a primeira vez que eu usei, achei mais prático segurar a sacola na mão enquanto passava os produtos. O sistema do totem não gostou e acionou o atendente, que disse que a sacola precisava ficar naquela parte específica. Também reparei que algumas vezes, eu ia ajeitar os produtos dentro da sacola e o sistema acabava detectando um peso a mais (ou a menos?), provavelmente disparando o sinal de furto.
2 - Depois disso, reparei que depois de passar o produto no leitor, aparece uma mensagem "Coloque o produto na sacola", que so desaparece depois que o peso na bandeja de saída mudava.
Existem algumas regras também: Tem limite de volumes (como nos caixas rápidos) e produtos como álcool sempre pedem a liberação de um funcionário do mercado. E claro, pagamento só por cartão.
O Walmart aqui nos EUA permite que você use o app deles para escanear no carrinho. Na saída, se não tiver nada de pesar, você só precisa pagar no mesmo totem em que fazem o self-checkout. Aliás, assim como o Heijn na Holanda, self-checkout é o padrão aqui no walmart (e em muitas redes, nacionais ou locais) e você vai penar se realmente quiser ir no caixa.
Outro detalhe é que o caixa aceita dinheiro vivo num sistema de leitura de notas e ate cupons de desconto, em que você lê o codigo de barras e depois deposita num espaço próprio para isso.
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