Crítica: Complete Chester Gould's Dick Tracy Volume 1 (1931-33) e Volume 2 (1933-1935)

Dick Tracy é um dos inúmeros quadrinhos clássicos que eu só li ocasionalmente. Resisti bastante em comprar estes volumes, pois pressenti o risco de me apegar a mais uma série (que já está no volume 22).

Dick Tracy surgiu em 1931, quando os EUA ainda sentiam os efeitos da Grande Depressão e o crime era rampante em várias cidades. É um policial durão e inteligente (às vezes pendendo mais para um lado ou para o outro). Como parte do lado inteligente ele usa as mais modernas técnicas criminalísticas e (mais para frente) gadgets como o rádio de pulso.

Um dos primeiros exemplos de uso de tecnologia

 Os personagens principais aparecem logo no começo: Tracy, Tess, Junior (o jovem adotado por Tracy), Chief Brandon (o chefe da polícia), Pat Patton (o auxiliar de Tracy, inicialmente mais usado para alívio cômico). Não se apegue muito aos personagens secundários, pois podem morrer ao longo das narrativas.
O estilo dos desenhos de Gould se aproxima muito da caricatura e muito dos bandidos tem aparência grotesca. As histórias costumam ser longas, trágicas e com finais violentos, com algumas pitadas de romance e humor. Algumas cenas destes primeiros volumes gerariam muitos "textões" se fossem publicadas nos dias de hoje (Tracy até dá um tapa na cara de sua amada Tess e não hesita em colocar Junior em situações perigosas).

Bandidos não hesitam em bater em crianças. Jr está com bandagens devido a queimaduras na aventura anterior

A qualidade de impressão é muito boa. Um problema para os editores são os quadrinhos de domingo. Ao contrário do usual, os quadrinhos de domingo de Dick Tracy fazem parte da continuidade das tiras diárias (mas às vezes dão uma recapitulada, num aceno a quem ler só as tiras de domingo). Publicadas originalmente em meia página, as tiras de domingo possuem quatro fileiras. A solução dada pela IDW foi espremer as tiras de domingo em uma página e ampliar ligeiramente as tiras diárias para ficar duas por página. O resultado não é ruim, mas a letra pequena nas tiras de domingo exigiu bastante da minha vista cansada (mesmo com óculos).

Veredito

Recomendado. Só não digo imperdível pois a violência pode não agradar a todos.