domingo, junho 19, 2016

Jogo do Mês: The Westport Independent

"The Westport Independent" é (nas suas próprias palavras) um jogo sobre censura, corrupção e jornais.  Sua temática e visual lembram Papers, Please. Apesar de ter lido algumas críticas negativas (principalmente quanto a ser curto demais), aproveitei a promoção de verão do GOG.com para comprá-lo por um par de dólares.





A mecânica do jogo é bastante simples. Você é um editor de um jornal em um país com um governo linha dura que enfrenta uma oposição cada vez mais radical. Em cada rodada você recebe um conjunto de reportagens. Você precisa selecionar algumas delas, fazer adaptações e passá-las para a sua equipe de quatro jornalistas. Após as primeiras rodadas, você pode também decidir a ordem dos quatro (ou menos) artigos no jornal e a divisão da verba publicitária entre as quatro regiões do país. O comando todo do jogo é feito com o mouse, clicando e arrastando.

É aqui onde as coisas acontecem


O conjunto de reportagens disponível a cada rodada é pequeno. As adaptações consistem em escolher o título (entre duas opções) e, se desejar, censurar algumas das poucas frases. Na prática isto significa escolher entre deixar o artigo abertamente ofensivo (ao governo, a uma empresa ou a uma celebridade) ou totalmente morno.

Cada um de seus jornalistas tem as suas preferências, mas isto não afeta o resultado do texto publicado. Uma "cut-scene" ao final de cada rodada tenta dar um lado humano para eles, mas as referências ao lado pessoal não costumam ter continuidade nem relação com o andamento do jogo.

Cada região da cidade tem as suas preferências definidas em relação a quatro características de notícias (), o que afeta a venda do seu jornal. Do ponto de vista político (governo versus rebeldes), a interferência é nos dois sentidos: de um lado as vendas aumentam conforme o jornal se aproxima do perfil dos leitores, de outro o perfil dos leitores muda conforme a posição do jornal.

Ajustando o jornal ao perfil dos leitores

O jogo possui somente doze rodadas. Além disto transformá-lo em algo como um casual game (com uma duração da ordem de uma hora), isto implica em uma aceleração das consequências. Bastam duas ou três edições negativas ao governo para o seu jornal ser fechado, encerrando prematuramente o jogo. Se você manter o jornal vivo pelas doze rodadas, recebe um longo relato de como as coisas prosseguiram depois.

Você não devia ter criticado a estátua do presidente!


A variação de um jogo para outro não é suficientemente grande para evitar a sensação de repetição. Aliás, existe sempre uma rodada 0 que serve como tutorial da primeira vez e depois só irrita. Sobra tentar mudar o tom do jornal para ver a reação do jogo.

Segundo a wikipedia, a primeira versão deste jogo foi criada em 72 horas. Minha impressão é que não foi dedicado tempo suficiente após isto para criar e refinar o conteúdo. Um número bem maior de reportagens, com textos que permitissem melhores adaptações ao editor, possibilitaria aumentar o número de rodadas abrindo espaço para interações mais sofisticadas e efeitos de médio e longo prazo.

Veredito

Não recomendado. O jogo é uma boa ideia que não foi desenvolvida o suficiente.

Um comentário:

Marcelo Campos disse...

bacana sua análise DQ, acabei pegando até dica do site GOG.com, lá tem um jogo que eu tinha e estava procurando: o Screamer(corrida), aproveitando uma hora você podia fazer uma matéria do Terminal Velocity da 3D Realms: https://en.wikipedia.org/wiki/Terminal_Velocity_(video_game), eu tive ele quando lançou sei lá onde foi parar mas, há um tempo atrás consegui comprar no Mercado Livre CD original.