domingo, março 23, 2014

Crítica: Revolt in 2100

"Revolt in 2100" é um livro de ficção científica escrito por Robert Heinlein. Eu comprei este livro por impulso, por ser mencionado em Hackers. Esta compra ilustra bem como a tecnologia nos afeta: estava lendo Hackers no Kindle durante as férias, em um local relativamente afastado. Ao me interessar pelo livro acessei o site da Amazon diretamente do Kindle, dei uma lida nas resenhas, fiz a compra e o recebi quase instantaneamente. Em compensação, demorei um ano e meio para começar a ler.


"Revolt in 2100" é composto por três histórias que se encaixam no que o autor chama de "Future History" - uma cronologia que ele criou para escrever histórias razoavelmente coerentes entre si. Heinlein é um autor consagrado que influenciou e continua influenciando todo o gênero. É também um autor com ideias fortes e muitas vezes controversas. Em alguns momentos do livro personagens fazem pequenos discursos difundindo as ideias e ideais do autor.

"If This Go On" ocupa a maior parte do livro e se passa, aproximadamente, nos dias de hoje (o que era um futuro distante quando a história foi escrita em 1940). Os EUA se tornaram uma teocracia, governada por cristãos fundamentalistas. É assustador pensar que isto parece mais provável hoje do que quando a história foi escrita. Heinlein descreve um futuro tecnologicamente estranho, com algumas tecnologias avançadas convivendo com outras bem antigas. Uma das predições dele é o avanço da psicologia aplicada até o nível de um ciência matematicamente precisa (e junto com ela o marketing). Outra, mais acertada, é o abandono da exploração espacial devido ao seu custo e baixo retorno eleitoral. A história tem vários trechos marcantes, mas achei o final muito abrupto.

"Coventry" é uma história curta que se passa anos depois de "If This Go On". O governo adota agora uma política de máxima liberdade, ignorando até transgressões desde que não prejudiquem outras pessoas. O protagonista violou esta regra e avaliação psicológica indica que provavelmente a violará outras vezes. Isto o obriga a optar entre se submeter voluntariamente a psicoterapia para se adaptar à sociedade ou se afastar dela, indo para o terreno desconhecido além da Barreira (que é o que ele decide). Mais que as outras histórias, este é um veículo para as opiniões de Heinlein.

"Misfit" é outra história curta, centrada nas habilidades especiais de um recruta que participa da conversão de um asteroide em uma estação espacial.

Como adendos, temos uma versão do mapa que resume a "Future History" e, mais interessante, um comentário de Heinlein sobre a série e as histórias que ele planejou mas desistiu de escrever.

Veredito

Interessante.

Ocasionalmente a leitura é pesada e as "pregações" de Heinlein se estendem demais, mas na maior parte do tempo a narrativa prende o leitor. Heinlein escreveu histórias muito melhores, tanto em termos de aventura como de considerações filosóficas.

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