Com a compra de um "home theater" (bem simplinho, é verdade) eu retirei da sala o meu velho receiver. Ele foi para o alto da estante, se juntar aos meus tape decks e ao toca-disco, completando assim a aposentadoria compulsória dos aparelhos de som que me acompanharam por muitos anos.
Surgiu então a ideia de alguns posts falando sobre estes aparelhos, um misto de nostalgia com agradecimento aos serviços prestados. Começo hoje falando do meu primeiro aparelho de som, que infelizmente sumiu há muito tempo (e não tenho a mínima ideia de quando e como).
Na minha infância, nos anos 60, aparelhos de som era coisa para adulto. Uma coisa que me fascinava eram os gravadores, mas era um aparelho ainda raro. Eu me lembro da inveja de um colega do primário que tinha em casa um gravador razoavelmente portátil (usando fita em pequenos rolos).
Como presente de formatura do ginásio eu ganhei finalmente em 74 um gravador K7. Era uma marca relativamente nova - Sony:
Se a foto acima parece ruim, considere que isto veio de um filme 8mm (e não estou falando de super-8) que foi passado para VHS gravando uma projeção precária (pois o filme já estava maltratado e o projetor não rodava direito) e depois digitalizado. Mas é a única imagem que eu tenho dele.
Era um aparelho mono e, se a memória não falha, sem microfone embutido. A alimentação era através de pilhas; como o meu pai achava isto um desperdício tratamos logo de fazer uma fonte de alimentação apra poder ligar na tomada. A regulação da fonte era apenas um modesto capacitor na saída. Uma das minhas brincadeiras era ligar um voltímetro na fonte e observar a tensão mudar conforme o volume era alterado.
Dois anos depois o meu irmão completou o ginásio e também quis um gravador. Ele ganhou um modelo com um formato mais tradicional, como a da foto abaixo (extraída de http://www.vintagecassette.com/Sony/TC-110A). O aparelho dele não era um Sony (nesta época já existiam um monte de marcas "genéricas"), podia ser ligado direto na tomada e tinha um microfone embutido.
No começo não era muito fácil achar fitas. As nossas restrições orçamentárias dificultavam a compra de marcas mais conceituadas (como a Sony), que eram importadas (ou contrabandeadas). O mais comum nesta época era usarmos fitas BASF (ver foto abaixo), que tinham umas peças interna de plático para ajudar a manter a fita esticada. Entretanto, elas tinham o costume de encravar, o que nos levava a abrir as fitas e retirar estas peças. Os tamanhos mais comuns eram as C60 e C90, com capacidade para 60 e 90 minutos. A C90 era particularmente útil para gravar LPs, pois em cada lado da fita cabiam os dois lados de um LP (salvo alguns LPs extraordinariamente longos). Existiam tamanhos menores, como C30 e C46, mas não eram economicamente atraentes. Por último existiam as C120, com capacidade de 2 horas - e uma forte tendência a problemas mecânicos.
A fita acima contem a gravação (parcial) de um show do Queen no Morumbi, em 1981. A gravação foi feita da transmissão em FM. O gravador usado foi o meu segundo aparelho, que veremos no próximo post.
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