terça-feira, maio 12, 2009

Duke Nukem, Forever?

Com o anúncio da semana passada do fechamento da 3D Realms (também conhecida como Apogee Software) e o quase certo abandono do desenvolvimento do jogo Duke Nukem Forever, me parece uma boa hora para relembrar a série de jogos Duke Nukem. E de quebra comentar um pouco sobre a evolução dos gráficos no PC nas décadas de 80 e 90.

CGA: Um Mau Começo

Quando o IBM PC foi lançado, em 1981, a opção para apresentação de gráficos consistia na CGA (Color Graphics Adapter). A CGA era bastante limitada, mesmo para a época. A resolução para gráficos coloridos era de 320 x 200 pontos, com 2 bits para cada ponto. Ou seja, somente permitia quatro cores simultâneas. Além disso, a escolha de cores era muito limitada:
  • A cor 0 podia ser escolhida livremente, dentro de um conjunto de 16 cores.
  • Existiam basicamente duas opções para as demais três cores: vermelho/verde/marrom ou magenta/cian/branco.
Somado à baixa capacidade do processador (8088 @ 4.7MHz) e à falta de qualquer recurso adicional de hardware, os jogos da época eram bem simples e com poucos atrativos visuais.

EGA, Side Scrolling, Shareware e Duke Nukem 1

Em 1984 a coisa começou a melhorar com o lançamento da EGA (Enhanced Graphics Adapter). A EGA oferecia mais cores e uma certa capacidade de processamento. Era inicialmente uma placa cara, mas depois de algum tempo surgiram clones mais acessíveis.

Com isto começou a surgir uma quantidade maior de jogos, principalmente do tipo Plataforma (onde o jogador pula sobre obstáculos e para ir subindo ou descendo) com Side Scrolling (onde a imagem na tela "rola" para o lado quando o jogador atinge uma das laterais.

No lado do marketing, tornaram-se popular os programas shareware, em que parte ou todo o programa é disponibilizado gratuitamente com a exigência de pagamento para liberar o resto do programa ou usá-lo indefinidamente. Nesta época pré-internet, estes programas eram distribuídos via Bulletin Boards, discos afixados a revistas e pessoa-a-pessoa.

Dentre os vários programas deste tipo, um deles foi o Duke Nukem. Neste ponto ele não se distinguia dos demais jogos do gênero.

VGA, Duke Nukem II e Doom

Em 1987 a IBM lançou a VGA (Video Graphics Array) que expandia ainda mais os aperfeiçoamentos da EGA.

A continuação do Duke Nukem, Duke Nukem II, utiliza alguns recursos da VGA, mas ainda foi mais um jogo de plataforma na multidão.

Em dezembro de 1993, porém, a ID Software (antiga parceira da Apogee) lançou o jogo Doom, utilizando o poder da VGA para gerar gráficos 3D que "envolviam" o jogador. Estava popularizado um novo tipo de jogo, o first-person shooter (FPS).

Duke Nukem 3D

No começo de 1996, a 3DRealms usou o personagem Duke Nukem em um jogo FPS com características relamente marcantes. Em primeiro lugar, o personagem tinha uma forte personalidade, com humor irreverente. Os cenários abusavam de temática sexual. Do ponto de vista técnico, Duke Nukem 3D tinha várias vantagens sobre o Doom como um ambiente mais dinâmico (paredes marcadas pelos tiros do jogador ou derrubadas por explosivos, terremotos, etc). Algumas armas (como pipe bombs e laser trip mines) eram particularmente úteis para os jogos multiplayer via rede.

Um outro aspecto interessante é que o editor de nível era fornecido diretamente no CD (porém sem suporte oficial). Embora fosse um pouco instável era uma fonte adicional de diversão (meus filhos, que eram crianças na época se divertiam mais usando o editor como um espécie de CAD que com o jogo em si; talvez tenha sido aí que a minha filha decidiu ser uma arquiteta). Eu lembro de ter começado a fazer um nível representanto o prédio onde eu trabalhava, mas nunca acabei.

Duke Nukem 3D era tão atraente que conseguiu manter o interesse mesmo depois que a ID lançou o Quake, em meados de 96, com gráficos muito melhores e um 3D mais completo.

Duke Nukem Forever

Para ultrapassar o Quake, a 3D Realms partiu para o Duke Nukem Forever. Anunciado em 97, foi sendo sucessivamente adiado e se tornou um exemplo clásico de vaporware.

Duke Nukem: Manhattan Project

Para comemorar os 10 anos do primeiro Duke Nukem foi lançado o Duke Nukem: Manhattan Project, um jogo do tipo plataforma mas feito com um engine 3D.

Links

As versões shareware de Duke Nukem, Duke Nukem II e Duke Nukem 3D podem (por enquanto) ser baixadas do site oficial da 3D Realms:

http://www.3drealms.com/duke1/
http://www.3drealms.com/duke2/
http://www.3drealms.com/duke3d/

O Good Old Games oferece versões completas (e deprotegidas) do Duke Nukem 3D e Duke Nukem: Manhattan Project por US$5.99 cada:

http://www.gog.com/en/gamecard/duke_nukem_3d_atomic_edition
http://www.gog.com/en/gamecard/duke_nukem_manhattan_project

Um comentário:

Breno Faria disse...

Olá Daniel, muito bom o Post, pena que a notícia não é tão boa.

A Realms-3D vai deixar saudades!

Com o VGA, demos um grande salto em aplicações gráficas, principalmente games no final da década de 80 e início da de 90.

O Doom, produzido pela ID Software utiliza o mesmo motor (engine) gráfico de seu antecessor, Wolfeinsten 3d, batizado de Raycast engine, porém foi totalmente reformulado por John Carmack e ganhou vários recursos extras como mapeamento de texturas, brilho/contraste, plataformas, escadas, paredes não perpendiculares, etc...

O Duke Nukem 3D também utilizou o mesmo tipo de motor gráfico que também ganhou melhorias, transformando-se no ápice do realismo da época para jogos do genero.

O Raycast não é um motor gráfico 3d real, pois ele apenas simula diferentes distancias e alturas para mapas bidimensionais.

Para quem quiser se inteirar melhor desta técnica existe um tutorial aqui: http://www.permadi.com/tutorial/raycast/

Agora, um merchandising básico, claro, se o Daniel permitir heheh.

Quem quiser ficar por dentro de Programação de Jogos, pode acessar: http://www.programadoresdejogos.com.br

Grande abraço Daniel

Breno