quinta-feira, maio 21, 2020

Memórias dos Anos 70: Parte 2

Mais algumas lembranças de quando estava no ginásio.


Quando entrei no ginásio acabou a moleza de mãe levar na escola ou transporte escolar: aos onze anos eu me virava sozinho para ir e voltar de ônibus. De manhã e na hora do almoço não era muito complicado, mas pegava ônibus lotados quando tinha que ficar até o fim da tarde. Algumas vezes os ônibus vinham tão cheios que voltei a pé (diz o Google Maps que são 2,5Km).

Talvez você achem curiosa a palavra "ginásio". Até 71 se falava em primário (1a até 4a, opcionalmente 5a série), ginásio (1a a 4a série) e colegial (1a a 3a série). Em 72 veio a mudança, ao invés 3o ginasial eu passei para a 7a série (já no século atual, mudaram de novo ao considerar o "pré-primário" como 1a série).

Também em 72 teve uma mudança importante. A casa no Alto da Boa Vista ficou pequena para um casal com 5 crianças, dois gatos e meia dúzia de aquários. Deve ter sido difícil achar uma casa grande e dentro da disponibilidade financeira dos meus pais. O resultado foi uma casa velha em Santa Amaro (próximo ao Mercado Municipal). Esta casa sempre me pareceu imensa. E meio esquisita, pois o antigo dono era um norueguês. De lá para cá a casa passou por algumas reforma, mas bem menos do que realmente precisava.

A casa sempre foi bem fria, mas tem um lareira de verdade que usamos muito. Uma das lembranças agradáveis da infância foi passar a primeira noite na casa, só eu e meu pai, acampados na sala com a lareira acesa (o caminhão da mudança só vinha no dia seguinte e o meu pai não quis deixar a casa vazia por uma noite).

A cozinha e a dispensa tinham vários armários embutidos, nos mais altos achamos alguns objetos inesperados: uma máquina de fazer sorvetes, uma prensa para secar roupa (se a memória não falha) e uma máquina de waffle. O antigo dono pegou de volta os dois primeiros, mas a máquina de waffle passou a ser uma tradição nos fins de semana, alternando com as panquecas feitas em uma frigideira elétrica americana.

Eu falei ali atrás em meia dúzia de aquários... Tudo começou antes de eu nascer, quando a minha mãe deu para o meu pai um par de peixes num aquário redondo. O meu pai comprou um livro, concluiu que o aquário era pequeno demais e comprou outro. Quando veio ao Brasil, trouxe o aquário e depois adquiriu mais um ou dois. A preferência dele era por lebistes (também conhecidos na forma mais selvagem como guarús). Um colega de primário, que morava por perto, doou mais um aquário quando se mudou para outro estado (para alegria das crianças, tinha alguns enfeites, coisa que meu pai não gostava).

Mais adiante meu pai fabricou os seus aquários. Ele viu no jornal uma anúncio de uma pessoa vendendo vidros blindados "pequenos" (chuto uns 50x50cm), sobra de uma reforma abandonada. O aquário eram quatro vidros destes com uma base de eternit, tudo colado com Araldite. Os aquários tinham uma tendência a vazarem... (Quando der coloco uma foto do que restou).

A casa nova tinha uma edícula (é assim que fala?) nos fundos, com dois quartos, sala, banheiro e cozinha (todos pequenos mas não minúsculos).  Um quarto e a sala foram juntados e transformados em oficina/depósito/sala dos peixes. A cozinha era o meu laboratório e posteriormente sala da eletrônica. A pia ganhou manchas horríveis de percloreto.

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