domingo, agosto 02, 2015

Crítica: "Mickey Mouse Outwits the Phantom Blot"

Li mais dois volumes da coleção da Fantagraphics Books, contendo histórias de fevereiro de 1938 a abril de 1940 (volume 5) e de abril de 1940 a janeiro de 1942 (volume 6), parte do que é considerado o auge da produção de Floyd Gottfredson. Neste post vou comentar o volume 5, o volume 6 fica para a segunda parte.


Como nos volumes anteriores (vistos aqui, aqui, aqui e aqui), a produção é primorosa. Artigos, biografias e farto material adicional complementam as tiras.

Neste ponto o ambiente das histórias já está formado. Mickey está na cidade, tem boas relações com a polícia, os seus companheiros de aventura são a Minie e o Pateta e as histórias são movidas a tramas e não a piadas curtas (gags). Mesmo assim, algumas histórias incomuns aparecem no meio das mais tradicionais. O início dos conflitos da Segunda Guerra na Europa restringe um pouco as viagens de Mickey.

Mickey Mouse Outwits the Phantom Blot

Este volume abre com "Mighty Whale Hunter", uma aventura de Mickey e Pateta no alto mar. Bastante ação, personagens secundários marcantes (mesmo que estereotipados) e um bom final.


Em seguida vem "The Pumbler's Helper", onde as coisas são um pouco estranhas. O começo parece ser a típica "Mickey procura um emprego", mas o patrão que o contrata age de forma muito excêntrica. A trama engrossa quando roubos misteriosos ocorrem nos clientes do encanador. A surpresa maior está no final, com ares de "non-sense".



Mais "non-sense" nos espera em "Mickey Mouse Meets Robison Crusoe". Logo de cara Mickey recebe um convite de Walt Disney para participar de um filme. A partir do momento que o diretor diz "rodando" a perspectiva muda e a história é contada como se fosse real e a filmagem só volta a ser mencionada quando a história acaba. E a história em si é bem esquisita. Robison Crusoe é um idiota e Sexta-feira um indígena muito doido. Mickey é o companheiro de Crusoe que precisa salvá-lo dos estereotipados canibais. Em vários momentos a história apela para sequências de gags.


Com estes precedentes, "Mickey Mouse Outwits the Phantom Blot" aparece como uma surpresa. Introduz um dos inimigos mais conhecidos do Mickey, o Phantom Blot (nome que considero melhor que a tradução Mancha Negra). O Phantom Blot surge nos momentos mais inesperados e consegue estar em cena sem que os protagonistas percebam. No final, uma cena rara: o Phantom Blot desmascarado.



"The Miracle Master" retoma as esquisitices, culminando com um final apelativo. Mickey encontra uma lâmpada mágica e, após algumas gags geradas pela interpretação literal dos desejos, tenta melhorar a vida de seus amigos e sua cidade. Após falhar nisto, vai para a cidade dos gênios. Esta cidade é horrível; os gênios são super poderosos, mas só podem usar os poderes para atender aos desejos dos donos. Mickey assume assim o papel do título, como o Mestre dos Gênios que escutas as lamentações e faz os desejos para tentar consertar as coisas. Novamente falha e, quando estão todos contra ele... bem deixo esta decepção para quem for ler.


Fecha o volume "An Education for Thursday". Lembram-se daquela história que na verdade era uma filmagem e um dos personagens do filma era o "Sexta Feira". Pois é, de repente chega o "Quinta Feira", o seu selvagem irmão. Ok, não faz muito sentido. A história é uma coleção de "gags", com Quinta Feira aprontando inúmeras confusões para desespero do Mickey. Aí está um sinal da evolução do Mickey: se agora é uma pessoa responsável, nas primeiras tiras ele é quem aprontava confusão.



Veridito

Imperdível.

Mesmo quando o roteiro é totalmente maluco, Gottfredson faz de Mickey um personagem interessante.

Nenhum comentário: