sábado, novembro 30, 2013

Resenha: A Dance With Dragons

Enfim! Sete meses após o início, concluí a leitura dos cinco livros já lançados da série "A Song of Ice and Fire" ("Crônicas de Gelo e Fogo", aqui no Brasil).


"A Dance With Dragons" teve um desenvolvimento complicado. Como comentei na resenha do volume anterior, o autor quebrou o que seria um único livro em dois volumes, usando um critério geográfico. Um pouco mais da metade deste livro se passa em paralelo com o livro anterior. A escrita levou quase seis longos anos e o resultado final cobriu menos história do que George R. R. Martin pretendia. Mesmo assim, é um impressionante volume com cerca de 1500 páginas.

Apesar da ansiedade em saber o destino dos personagens ausentes no livro anterior, o começo da minha leitura foi meio lento. Talvez seja o fato do desenvolvimento da história ser vagaroso e envolver muitas frustrações dos personagens. Os personagens saem de "A" rumo a "B", passam por "C", "D", etc e, se conseguem chegar a "B", acabam não conseguindo fazer o que pretendiam. Não por acaso, mais de um personagem em algum momento se lembra de toda a sua trajetória e se pergunta qual o motivo de tudo.

Apesar do título, os dragões em si aparecem pouco. A maior parte da "dança" é dos interessados em obtê-los. Um título mais adequado seria "A Dança de Príncipes e Rainhas".

O estilo é praticamente igual ao dos outros volumes. Cada capítulo é narrado do ponto de vista de um personagem (a única novidade é que em alguns casos ao invés do nome do personagem o título do capítulo é uma descrição curta dele - e às vezes enganosa). Muitas frases e páginas são dedicadas a descrever o mundo, contar a história passada e detalhar os personagens. Se por um lado isto cria personagens e locais mais reais, por outro é às vezes maçante.

"A Dance With Dragons" traz à tona alguns defeitos e limitações da forma de narrativa. São tantos personagens, espalhados por lugares tão distantes, que fica impossível avançar a história de todos com um bom ritmo. Quando há alternância entre os locais de um capítulo para outro a narrativa fica picotada. Quando a narrativa de um capítulo prossegue no seguinte ficamos com a impressão que as outras tramas foram esquecidas. Nos dois casos, quando um personagem é retomado já não recordamos bem o que acontecia  antes com ele. O detalhismo nos deixa apegados também aos personagens secundários, o que agava ainda mais o problema. No final do livro fica aquela sensação que alguns personagens e situações foram esquecidos e abandonados.

Não que a leitura não seja agradável ou que a trama seja ruim, é acima de tudo uma questão de ritmo. Alguns capítulos são bastante intensos, não faltando violência e as pitadas ocasionais de sexo. O ritmo aumenta no final. Como nos livros anteriores, os capítulos finais reservam algumas surpresas, inclusive a possível morte de  um personagem principal. Digo possível, pois Martin já mostrou nos capítulos e livros anteriores que não teme matar personagens, nem salvá-los de situações aparentemente perdidas.

Veredito

Imperdível, se você leu os livros anteriores. Se prepare, porém, para uma boa dose de frustração com expectativas não concretizadas, um número maior de perguntas e tramas suspensas em momentos críticos.

Mais ainda, se prepare para alguns anos de espera até o próximo volume.

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