Eu não sei direito como foi que eu comecei a receber o boletim "Quebra Tudo", muito menos porque eu deu uma passada de olhos ao invés de apagar sumariamente como costumo fazer com emails não solicitados. O fato é que é um boletim com ideias bastante fortes e, embora eu não concorde com tudo que é dito nele, se tornou uma leitura constante.
Recentemente o "Quebra Tudo" recomendou o livro Rework. Por coincidência, eu estava fechando um pedido na Amazon (motivado pela disponibilidade de "The Phantom: The Complete Newspaper Dailies Volume 1", que eu esperava desde o início do ano), e ele acabou entrando na lista.
Ao chegarem os livros (em praticamente uma semana, surpreendente por ser um pedido de oito livros), eu segui o ritual de folhear todos eles. E Rework me enfeitiçou; acabei encostando o livro que eu estava lendo e Rework foi "devorado" em menos de uma semana.
Como o "Quebra Tudo", Rework tem ideias fortes e eu também não concordo com tudo. Decidi resistir à tentação de colocar neste post a minha opinião sobre os temas abordados e me concentrar apenas em dar uma ideia do que é o livro.
Os autores, Jason Fried e David Hansson, são fundadores da bem-sucedida empresa 37signals, que oferece aplicações através da internet. São também autores do blog "Signals vs Noise" (de onde vem grande parte do material do livro). A 37signals é também conhecida por ter aberto o framework que utiliza, o Ruby on Rails.
A filosofia básica deles, que permeia todo o livro, é o Zen "menos é mais". O próprio livro é assim: são uma dúzia de "capítulos" (com títulos como Productivity, Competitors e Hiring) cada um com menos de uma dúzia de textos de uma ou duas páginas (em letras grandes e o tamanho das páginas não é grande). Na frente de cada texto tem uma página com uma ilustração simples.
Você não precisa ler os textos ou capítulos em ordem. Folheando o livro, você vai acabar sendo atraído por um título como "Meetings are toxic". A leitura das duas páginas vai ser rápida e vai ser difícil você resistir a ler mais texto (no caso, o seguinte é "Good Enough Is Fine"). O estilo do texto é bem direto, não poupando inclusive algum palavrões.
A principal lição deles é que hoje não é preciso mais seguir os conselhos tradicionais. Alguns exemplos dos conselhos em Rework:
- Uma empresa não precisa mais ser grande para ser competitiva. Crescer não é uma obrigação que vem com o sucesso.
- Trabalhar em excesso é contra-prudente. Mande os seus funcionários para casa no final do expediente.
- É melhor ter um bom "meio produto" que um produto "meio bom".
- Ataque os problemas reduzindo o esforço ao invés de aumentando.
- Abandonar um projeto é às vezes a melhor opção.
- Reuniões são tóxicas e "o mais rápido possível" (ASAP em inglês) é veneno.
- Enfrente seus concorrentes oferecendo menos ao invés de mais.
- Não dê muita atenção aos seus concorrentes.
- Press releases são spam.
- Tente você mesmo fazer o trabalho antes de contratar alguém para fazê-lo.
- Contrate pessoas que façam, não que deleguem. Na dúvida, selecione o candidato que escrever melhor.
- Decisões são temporárias.
- Os verdadeiros palavrões: preciso, tem que, não posso, fácil, apenas e rápido (need, must, can't, easy, only e fast).
Embora não dê para concordar com tudo o que é dito, muita coisa vai bater com o que você sente. Mesmo aonde você não concordar, o livro vai levá-lo a reavaliar a sua posição. Ao final da leitura você se sentirá energizado, com vontade de mudar pelo menos alguma coisa na sua forma de trabalhar (mesmo que você não seja um empresário).
Veredito: imperdível para quem é "empreendedor", fortemente recomendado para quem está insatisfeito com a vida de funcionário de uma empresa tradicional.
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