sexta-feira, setembro 05, 2008

Google Chrome - Mais Considerações

Não param as repercussões sobre o anúncio do Chrome e a liberação da primeira versão beta. Seguem abaixo mais algumas considerações a respeito.

Presença do Chrome na Internet

Os vários sistemas de medição de navegação estão reportando uma "presença significativa" nestes primeiros dias. O StatCounter fala em 1% no dia do lançamento. Dos últimos 500 acessos a este humilde blog, 34 foram com o Chrome:

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Uma curiosidade no gráfico acima: IE6 e I7 empatados enquanto que o FF3 dá um banho no FF2. Isto reforça a visão de que os usuários de IE relutam em mudar de browser e os de FF são muito abertos a mudanças. Como consequência, o Firefox poderá ser muito mais afetado pelo Chrome que o IE. Aliás, é o que mostram os novos números do StatCounter.

A presença atual do Chrome se dá mais por curiosidade; faltam ainda uma série de coisas para ser um navegador a usar no dia-a-dia (como extensões, mas já tem o plugin do Flash).

Mais um Browser para Testar?

Algumas pessoas argumentam que os programas deveriam seguir os padrões e não se preocuparem com os browsers. É uma postura no mínimo ingênua. Mesmo que num futuro próximo a maioria dos browsers siga fielmente aos padrões, existe todo o parque instalado (veja lá em cima o IE6). A história mostra também que padrões sempre tem alguma ambigüidade.

Outro argumento é que como o Chrome usa o 'mesmo' rending engine que o Safari, basta testar em um. O próprio gibi-propaganda da Google menciona que a compatibilidade do Chrome com o teste Acid3 foi mudando ao longo do projeto. Existem mais coisas envolvidas na apresentação de páginas Web que o rending engine, não esquecendo também que o interpretador JavaScript é totalmente novo. E, aliás, o Chrome está usando uma versão mais antiga do webkit.

Portanto, desenvolvedores de aplicações web para o grande público, comecem a renegociar os prazos de testes.

A Polêmica da EULA

Uma teoria minha é que na medida em que crescem as empresas de tecnologia americanas a visão do que vai ser feito vai saindo da Engenharia e indo para o Marketing e o Financeiro. Silenciosamente, a decisão final vai parar no Jurídico. Podem-se discutir as posições dos três primeiros, mas poucos tem coragem de peitar o último quando ele diz que algo não deve ser feito ou deve ser feito de uma determinada forma. Como a tirinha do Dilbert já mostrou repetidas vezes, nenhuma boa intenção passa ilesa pela revisão do Jurídico.

As EULAs são um exemplo clássico. O objetivo principal de uma EULA moderna não é definir o que o usuário pode fazer com o software, mas sim proteger a empresa de processos.

No caso Chrome, originalmente a EULA estipulava que você dava à Google licença para usar na promoção do Chrome todo o material que você gerasse ou enviasse através dele (alguma interpretações são ainda mais genéricas, mas mesmo essa já dá para assustar muita gente).

Com a gritaria chegando às manchetes, a Google tirou esta cláusula da EULA e explicou que estava lá por engano por ter sido copiada da EULA de outros serviços (hora de muita gente rever o que andou assinando por aí).

Acessibilidade

Existem muitas complexidades em fazer um software hoje em dia. Uma delas é "acessibilidade" e a versão beta do Chrome ainda deixa a desejar neste quesito.

Código Aberto é Solução para Tudo?

Os paranóicos de plantão (e devem ser todos, pois eles não vão confiar o plantão para outras pessoas) estão preocupados com eventuais malvadezas no Chrome. Coisas como enviar para o Google informações sobre a navegação do usuário sem ele saber ou impedir que anúncios sejam bloqueados.

A primeira defesa da Google é que o código do Chrome é aberto. Certamente que grandes malvadezas seriam percebidas rapidamente.

Entretanto, o comando do projeto é primariamente da Google. É ela quem vai dar a palavra final sobre o que entre e o que não entra no Chrome. E se ela tomar uma decisão que não agrade muita gente? A licença de uso dos fontes produzidos pela Google é a BSD que é permissiva o suficiente para uso em produtos derivados com código aberto ou fechado, portanto um fork deve ser legalmente viável (deve ser, pois existem outros aspectos como patentes que podem complicar).

Entretando, provavelmente vai ser uma divisão muito desequilibrada. De um lado a Google investindo pesado na evolução do Chrome e do outro uma comunidade nem sempre unidade tentando acompanhar. Basta ver que a simples disponibilidade do webkit não gerou outros browsers de destaque além do Safari (e agora o Chrome).

A Velocidade do JavaScript

Não há dúvida que o Chrome tem o mais rápido JavaScript entre os browsers em campo (porém o Firefox tem algo comparável em laboratório).

A grande questão é: será que isto é mesmo preciso? Não existem outros pontos que deveriam ser mais prioritários nos browsers?

Está bem claro que a visão Google é colocar cada vez mais código JavaScript nas suas aplicações. Com o Gears existe a possibilidade deste código usar mais recursos locais, ficando até independente da web.

Alguns (e eu me encaixo em parte neste grupo) acham que existe um certo exagero no uso de JavaScript. Assusta ver que o gibi-anúncio do Chrome (que basicamente é conjunto de imagens estáticas) depende do JavaScript (mas pelo menos agora tem navegação pelas páginas).

Corrigido às 13:00: existe sim plugin para o Flash.

2 comentários:

Anônimo disse...

Flash funciona perfeitamente no meu Chrome.

Daniel Quadros disse...

Leonel,

É, eu comi bola! Acho que eu estava com muita vontade de mencionar a animação do "prugin do flash".