domingo, junho 05, 2011

Livro de Maio: iWoz

Embora o grande público associe o nome Apple a Steve Jobs, para engenheiros e geeks o Steve da Apple é Steve Wozniak. iWoz é a sua auto-biografia escrita, segundo ele, para corrigir informações erradas sobre ele.



E a história de Woz merece realmente um livro. Entre os fatos mais conhecidos estão as bricncadeiras com telefone, o projeto do Apple I e Apple II, a perda de memória após um acidente de avião (que ele estava pilotando), o patrocinio do US Festival. Mas existe muito mais.

O livro começa da infância de Woz, falando na influência dos pais. Do pai veio o gosto pela ciência e engenharia e da mãe o senso de humor. O gosto por invenções se materializou inicialmente em projetos para feiras de ciência e nos projetos de computadores em papel.

Mais adiante veio a faze de phreaking, brincadeiras com circuitos que geravam os tons que controlavam os sistemas telefônicos (conseguindo assim chamada interurbanas gratuitas). E o Dial-a-Joke, onde Woz gravava piadas nas sua secretária eletrônica e divulgava o número para todos. O serviço foi tão bem sucedido que as secretárias não duravam muito (um ponto curioso é que nesta época a AT&T ainda tinha controle total sobre os equipamentos ligados à linha telefônica, portanto as secretárias tinham que ser alugadas da AT&T e só podiam ser reparadas por ela). De vez em quando ele atendia pessoalmente as ligações - e foi desta forma que conheceu a sua primeira esposa.

Depois ele veio a participar da primeira reunião do Homebrew Computer Club, um grupo de aficionados por uma novidade tecnológica - o computador pessoal. Dai a surgir o Apple I e o Apple II foi um passo rápido.

E de repente Woz era um milionário, sócio fundador da maior empresa de micro computadores, que teve a maior IPO (lançamento inicial de ações) desde a Ford. E algum tempo depois teve um acidente de avião e uma perda de memória. Durante este período sem memória ele se afastou da Apple e acabou não voltando depois (embora continue sendo funcionário até hoje).

Daí para frente Woz se envolveu em um série de projetos pessoais, como o US Festival, o projeto de um super controle remoto programável e um esforço para ajudar as escolas da sua cidade (que incluiu dar aulas para alunos do ginásio).

O estilo da narrativa é muito agradável e combina muito com a imagem que eu tenho de Woz, pelas poucas entrevistas que li e vi. O livro perde um pouco de pique na parte final, após o relato do US Festival.

Como é comum em biografias (e mais ainda em auto-biografias), Woz é apresentado de forma extremamente positiva e abundam superlativos. Mas é difícil falar mal de alguém que teve a ousadia de vender ações a baixo custo para os funcionários na véspera da IPO (numa época em que não era comum dar ações a funcionários), bancar prejuízos de concertos de rock altamente organizados ou simplesmente se dispor a ir dar aulas na escola pública do bairro. Talvez alguns de seus pioneiros não resistam ao crivo de um historiador pedante, mas se não foi o primeiro foi certamente um dos primeiros em muita coisa.

Um outra coisa comum em biografias, mas que você não encontrará em iWoz, são os ataques a outras pessoas. Ao contrário, Woz até defende o primeiro presidente da Apple, Mike Scott, que foi demitido após um polêmico corte feito de uma forma desastrosa (a chamada "Black Wednesday"). Woz faz questão de reforçar a sua amizade com Jobs. Entretanto, frisa que o projeto dos Apple I e II foi totalmente dele e não deixa de contar que Jobs o enganou no primeiro negócio que fizeram juntos.

Veredito: Recomendado.

Um comentário:

DVM - Delphi Virtual Machine disse...

Quem lê esse livro descobre a verdade sobre a genialidade dentro da Apple e como Woz foi mal interpretado, espoliado, incompreendido e mantido longe dos holofotes (embora ele aparentemente nunca demonstre te-lo desejado).
Steve Jobs foi só o oportunista esperto que viu no Nerd Woz, um cara que poderia abrir suas criações para o sucesso dele, em troca de uma "amizade".
Pelo menos, aparentemente, Jobs manteve-o onde ele gostava de agir: No laboratório (E não como "os que eu conhecí" que só esperavam o projeto ficar pronto para rouba-lo e ganhar em cima do trabalho dos outros).
Emfim, é uma fábula que deu certo. Algo raro, nesse ramo.