domingo, novembro 24, 2024

Resenha: The Cuckoo's Egg

O autor, Clifford Stoll, é um astrônomo que foi deslocado para a posição de Administrador de Sistema / Desenvolvedor do  Lawrence Berkeley National Laboratory, em 1986. Uma das primeiras tarefas que lhe foi passada foi investigar uma discrepância de $0,75 na contabilidade de uso. Assim ele descobriu a presença de um usuário não autorizado no computador.

O livro é o relato da investigação desta intrusão e a tentativa de identificar o culpado. Exceto pelo final do livro, a história é sempre contado pelo ponto de vista de Clifford.


O primeiro ponto que chama a atenção é a época em que a história se passa. Estamos na metade dos anos 80, onde mainframes, minis e superminis ainda dominam a computação e os computadores pessoais ainda estão no começo. A forma principal de comunicação remota é via modem, e as redes locais estão no seu começo (nada de Internet). Tudo isso me traz uma certa nostalgia (embora tenha frequentado pouco o ambiente dos "CPDs" onde residiam os computadores de maior porte).

Para um leitor atual, assusta a passividade e complacência das "autoridades". Um ponto interessante do livro é a mudança gradual da visão de Clifford. Um nerd e hippie californiano, de repente ele está não somente colaborando, mas concordando com o ponto de vista de militares e outras autoridades.

A abordagem dos assuntos técnicos me pareceu muito boa. Não tem as simplificações e erros comuns em textos para o público em geral e me parece ser bastante assimilável por quem não é da área.

De um ponto de vista mais literário, a leitura é muito agradável. Gostei do estilo do autor e o ar de mistério me fez querer ler um capítulo a mais (mais exatamente ouvir, pois comprei o e-book e o áudio book). O livro perde um pouco de ritmo no começo do terço final, em um período onde as coisas apenas se repetem sem avançar. O desfecho talvez decepcione um pouco, por não ter envolvimento direto de Clifford. Mas é um relato real, não um romance onde o ritmo dos acontecimento e os fatos são feitos em função do leitor. Clifford compensa em parte isso com um trabalho de pesquisa e jornalismo para nos contar os fatos que ele não sabia na época em que ocorreram.

Outro ponto que pode desagradar alguns são os relatos de ocorrência da vida particular/doméstica do autor. Pessoalmente achei que isso ajudou a humanizar o relato e a entender a motivação de Clifford.

Como pequeno bônus, o livro relata no final (de forma sucinta) o incidente do "Morris worm", que ele presenciou mas no qual não teve maior envolvimento.

O livro merecia um adendo mais recente, falando dos avanços e desafios atuais.

Veredito: Recomendado.

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