quinta-feira, abril 14, 2022

Memórias: Voltando à Eletrônica e Aprendendo sobre Microcontroladores

Estamos em meados de 2003. A empresa ainda começando a engatinhar e surge uma consulta sobre fazer um trabalho que não estava alinhado com o foco que pretendíamos dar. Mas acabamos fechando o negócio e o resultado me afetou também a vida particular.

O (re)inicio de tudo


Não lembro direito como ocorreu o contato inicial. Os diretores da empresa tinham uma ligação com a Scopus e alguém deve ter nos indicado... Mas o fato é que nos procuraram para preparar um roteiro de testes para o firmware de um rastreador de veículos. O trabalho foi muito interessante e acabou abrindo as portas para trabalhos de desenvolvimento de software.

O primeiro projeto foi um software em C para Windows, o que estava dentro da nossa experiência. Mas no final de 2003 nos consultaram para um projeto bem diferente, de desenvolvimento de firmware para microcontrolador. Foi uma grande confiança na nossa capacidade de aprendizado (e acho que não os decepcionamos).

O projeto foi fechado no começo de 2004 e eu (junto com um desenvolvedor francês com quem já tínhamos trabalhado na Humana e na Seal) precisava aprender sobre um tal de PIC. Leituras na internet me deixaram entusiasmado. O primeiro passo foi comprar dois livros brasileiros: "Desbravando o PIC" de David José de Souza e "PIC Programando em C" de Fábio Pereira (que tive o prazer de conhecer pessoalmente). 

O primeiro livro foca em Assembler, que não era o caso do projeto, mas foi bom para o aprendizado sobre a arquitetura. O meu exemplar está bem gasto, mas não por minha culpa: meu filho o usou na faculdade. O segundo livro cobre muito assunto nas suas 250 páginas e virou referência para alguns dos meus primeiros projetos hobbísticos.

É claro que eu não fiquei só na teoria. Após uma breve pesquisa, comprei na Mosico o programador McFlash e a placa McLab1 com o PIC 16F628A (a da foto no início). Comprei também alguns PICs avulsos e cristais. Acabei não usando tanto a McLab1 como esperava, daí a pouco estava montando os PICs em protoboards e virando cliente assíduo da Soldafria e outras lojas on-line de eletrônica.

Os PIC 16 eram bem impressionantes quando lançados, mas hoje em dia perdem em muitos pontos para as opções mais modernas. Uma grande vantagem era a facilidade de achar nas lojas de eletrônica (algo que não se repetiu com os ATmega, apesar do sucesso do Arduino). Mas a arquitetura Harvard rígida e a pilha restrita a poucas posições limitam bastante o suporte ao C e outras linguagens de alto nível.

Vocês vão achar aqui no blog vários posts com o PIC, quase todos de antes de eu começar a brincar com os AVRs. Ainda tenho muitos chips na gaveta, quem sabe não rola uns projetos de nostalgia (PIC já é retrocomputação?).

O projeto na empresa passou por várias revisões, com mudança do microcontrolador, o que me deu a oportunidade de conhecer várias arquiteturas. A versão original com o PIC não passou da prova de conceito (não devido ao PIC em si, mas a um módulo de rádio bugado).


3 comentários:

Richard Weigel disse...

Uau!
Vendo a foto, me recordei que de alguma forma ganhei em um sorteio uma placa de um destes kits de aprendizado da Mosaico, que me proporcionou iniciar meu aprendizado sobre PICs, mais ou menos nesta época e registrei no Linkedin (https://www.linkedin.com/pulse/o-quase-ardu%C3%ADno-brasileiro-richard-weigel/) um de meus projetos, que não foi para frente por falta de alguém para ajudar nas "tarefas".

Luiz Carlos G. Filho disse...

PIC já é retrocomputação?

O PIC está muito longe de ser retrocomputação ou ser considerado obsoleto. O PIC ainda é utilizado pela indústria. Recentemente fiz a manutenção em um monitor lançado em 2020 e tinha um PIC. O módulo de conforto do meu carro tem um PIC dentro (há alguns anos substitui um relé que apresentou problema).
O PIC viverá por muitos anos, em parte pela qualidade, valor e confiabilidade comprovada (se não está estragado não conserte). Mas é um fato que aos poucos o PIC está sendo substituído por outros tipos de microcontrolador.

Daniel Quadros disse...

Luiz Carlos, foi pura provocação perguntar se o PIC é obsoleto... Mas para projetos novos existem opções melhores, particularmente quanto à facilidade de desenvolvimento de software (estou falando principalmente do PIC16).