domingo, maio 15, 2016

Avaliação: Três Jogos de Cartas

Na sexta passada rolou no Garoa a Anatel Night, nossa contribuição para evitar o colapso da internet no Brasil e o fim da civilização da forma como a conhecemos. Jogos de cartas e tabuleiros tiveram um ressurgimento, principalmente entre geeks, graças a jogos de duração mais curta e com influência limitada da sorte. Neste evento tive a possibilidade de jogar três jogos de cartas (ok, o terceiro usa cartas mas não é propriamente um jogo de cartas). Coloco aqui uma rápida crítica dos três.

Hackers a favor da civilização


Love Letter


Usando apenas 16 cartas, Love Letter é um jogo que surpreende pela sua simplicidade. Cada carta possui um valor e um ação a ser executada quando a carta for descartada. Existem oito tipos de carta, em quantidades diferentes. Um jogo é composto de várias rodadas. No início de cada rodada, cada jogador receve inicialmente uma carta. Uma rodada tem vários turnos. Em cada turno, cada jogador pega uma nova carta do maço, descarta uma das duas e ação correspondente é executada. Uma das ações possíveis é retirar o jogador da rodada. Uma rodada acaba quando só sobra um jogador (vencedor da rodada) ou as cartas acabarem (o vendedor da rodada é quem tiver a carta de valor mais alto). O vencedor do jogo é quem vencer um certo número de rodadas.

Apesar da simplicidade, o jogo exige uma certa habilidade na contagem de cartas e possibilita algumas estratégias interessantes (conforme as cartas que se recebe).

Veja Will Weaton e amigos explicando o jogo: https://www.youtube.com/watch?v=640UAS_8gj8

Veredito: Recomendado.

Hanabi

Hanabi é um jogo um pouco mais complexo. Não nas regras, mas por inverter alguns conceitos. Afinal quem imaginaria um jogo onde você pode ver as cartas dos demais jogadores mas não as suas?

Hanabi é um jogo cooperativo. As cartas principais possuem um número de 1 a 5 e uma cor.  Para cada uma das cinco cores, as cartas estão disponíveis em quantidades variáveis: três cartas com número 1, apenas uma carta com o número 5 e duas cartas de cada uma das demais. O objetivo dos jogadores é montar na mesa as sequências 1 a 5 para as cinco cores.

Cada jogador recebe cinco cartas. Em cada rodada o jogador pode fazer uma dentre três coisas:
  • Jogar uma carta da mão na mesa e pegar outra do maço (se ainda tiver). A carta jogada precisa se encaixar em uma das sequências sendo montadas, caso contrário os jogadores recebem uma penalidade. Com três penalidades o jogo é encerrado.
  • Se ainda existir carta de dica, dar uma dica para outro jogador. As dicas que podem ser dadas são indicar um outro jogador quais cartas na mão dele são de uma determinada cor ou de um determinado valor. A dica consome uma carta de dica.
  • Descartar uma carta da mão e pegar outra do maço (se ainda tiver), criando uma carta de dica.
 O objetivo final de montar as sequências acaba se transformando na busca do equilíbrio entre:
  • manter um estoque cartas de dica
  • manter os outros jogadores informados para que não impeçam a vitória (descartando uma carta essencial) e avancem com as sequências
  • dar as suas próprias contribuições para as sequências
Inicialmente o mais difícil é lembrar de colocar a carta comprada virada para os outros jogadores. Toda a sua experiência com jogos de cartas o levará a colocar a carta virada para você.

É preciso um pouco de tempo para entender e acostumar a dinâmica do jogo. Na hora de interpretar as dicas e fazer a sua jogada é preciso confiar que os demais jogadores não vão deixar (dentro do possível) você fazer uma besteira. Contar as cartas é fundamental. Quando eu joguei este jogo eu só soube o que tinha na mão e contribui para as sequências nas últimas rodadas. Durante todo o resto eu alternei entre dar dicas e fazer descartes (confiando que alguém teria me avisado se eu fosse descartar uma carta necessária).

Veredito: Imperdível.

Geek Battle

Geek Batle não é exatamente um jogo de cartas ou de tabuleiro, apesar de utilizar os dois. É um tradicional jogo de perguntas, porém com as perguntas voltadas para temas geek.

Cada jogador recebe um peão, que é movimentado sobre um tabuleiro. No início da sua rodada, o jogador joga um D6 (dado de seis faces, o dado comum) e anda as casas correspondentes. Existem quatro tipo de casas:
  • Casa com a cor de uma categoria de perguntas. Um dos outros jogadores pega a próxima carta de pergunta, lê a pergunta e depois confere a resposta. Se estiver certa, o jogador joga um D12 (dado com doze faces) e avança o número de casas que tirou, Se errar, fica onde está.
  • Casa com duas cores: O jogador escolhe a cor da categoria entre as duas opções e recai no caso anterior.
  • Wormhole: Existem seis casas deste tipo, numeradas de 1 a 6. O jogador joga o D6 e vai para o wormhole correspondente.
  • Geek Battle: O jogador escolhe um oponente e um terceiro jogador lê a pergunta de uma carta do baralho de Geek Battle. Estas perguntas tem múltiplas respostas (por exemplo, diga o nome de um homem que pisou na Lua). Os dois jogadores se alternam respondendo, até que alguém erre ou repita uma resposta. Se o jogador inicial ganhou, avança cinco casas.
Existem mais alguns detalhes nas regras, como ter 90 segundos para questionar a resposta na carta, mostrando alguma prova em contrário.

Não sei se era por o jogo estar em inglês, mas achamos meio enrolado o enunciado das regras e de algumas perguntas. Nenhum dos jogadores era um super geek, já que em alguns casos ninguém sabia a resposta. Algumas perguntas são do tipo múltipla opção; neste caso me pareceu que as opções "entregam" a resposta.



O jogo foi divertido, mas não senti muita vontade de jogar novamente. Não existe muita estratégia envolvida. Apesar de ter um número grande de cartas, a cada jogo aumenta a probabilidade de pegar uma pergunta repetida, o que eu acho que retira parte da graça do jogo.

Quem quiser  uma segunda opinião, tem um crítica da Wired aqui.

Veredito: Dispensável.


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