domingo, dezembro 28, 2014

Resenha: Walt and Skeezix vol 1 (1921-1922)

Gasoline Alley é uma tirinha muito especial. Estreiou em 24 de agosto de 1919 e é publicada até hoje, o que a torna a segunda mais duradoura (a primeira é "Os Sobrinhos do Capitão"). Originalmente suas histórias giravam em torno de um modismo que estava se alastrando nos EUA: os automóveis. Entretanto, em 1921 o autor, Frank King, introduziu duas novidades notáveis.


O editor do jornal onde a tirinha era publicada sugeriu o acréscimo de um bebê ao elenco, "para atrair o público feminino". Entretanto, Walt, o personagem principal na época, era um solteiro convicto. A solução de King foi Walt encontrar um bebê nos degraus da porta de casa (o que gerou a piada de que ele era seu "step-child"). Walt chamou o bebê de Skeezix (gíria dos vaqueiros para um bezerro órfão). Mais tarde ele ganharia um nome oficial, mas o apelido perdura.


A maior novidade, entretanto, foi que a partir deste ponto King passou a envelhecer os personagens em tempo real. Com o passar das décadas, novas gerações foram se tornando protagonistas. Atualmente Walt está próximo dos 115 anos e Skeezix mais que noventa.

Mas, nesta coletânea, estamos ainda no começo da história, em 1921.Os automóveis estão em destaque. A julgar pelas tiras, nesta época eles eram bastante frágeis e temperamentais, exigindo manutenção constante. Até mesmo os pneus parecem furar a todo instante.

Quase 100 anos depois, a situação continua a mesma.

Skeezix acrescenta várias dimensões à história, mesmo quando apenas figura em um segundo plano. Há momentos mais emotivos, gags, drama e um mistério (de onde ele veio?). Espanta um pouco a liberdade dada a ele, não é incomum vê-lo engatinhando (e depois andando) para longe dos adultos e fazendo atividades "perigosas".

Mistérios... (reparem como a presença de Skeezix reforça a cena)


Os personagens secundários são bem interessantes, como os amigos Avery, Bill e Doc e a misteriosa Mrs Blossom. Os politicamente corretos vão apontar para a visão estereotipada dos afro-americanos, nos seus traços, roupas, linguajar, superstições e empregos. Entretanto, King os retrata como seres humanos dignos de respeito (particularmente Rachel, a babá de Skeezix).

King equilibra bem o timing da narrativa. Temos as piadas imediatas, arcos mais longos (como uma viagem até o parque Yellowstone) e algumas tramas que estão sempre constantes no fundo (os mistérios envolvendo Skeezix e Blossom).

Veredito

Recomendado.

Não temos aqui heróis, vilões, super poderes e grandes batalhas para decidir o destino do mundo e da civilização tal qual a conhecemos. Apenas o charme de uma história repleta de inocência.

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