quinta-feira, abril 29, 2021

Memórias dos Anos 90: Código de Barras III

 Vamos encerrar estas lembranças sobre código de barras falando num outro fornecedor de aparelhos para a Seal: a Accu-Sort. A Seal fechou a representação em torno da época que eu entrei, o primeiro treinamento foi bastante marcante.

O modelo 55, bem em surrado e sem a cor azul de fábrica.


A experiência da Seal com leitores de código barras era com os leitores para supermercado e com leitores em formato de pistola. A configuração destes leitores era feita lendo códigos de barra especiais e eram relacionadas principalmente às simbologias lidas e ao formato de saída dos códigos. A Accu-Sort se especializava nos chamados "leitores fixos", usados para ler a maiores distância, normalmente em esteira (o Sort do nome vem de sorting - separação).

A expectativa de muitos clientes era leitores mágicos, capaz de ler a metros de distância códigos posicionados de qualquer forma. A realidade era bem longe disso. O engenheiro da Accu-Sort veio ao Brasil trazendo não somente alguns modelos de leitores, mas também um osciloscópio e várias ferramentas.

O leitor principal deles era o Model 55, um grande mostrengo com laser gerado a válvula. Este leitor gerava um feixe reto, para fazer a leitura omnidirecional era necessário usar pelo menos dois, com os feixes formando um X. A "configuração" consistia em grande parte de ajustar o circuito do leitor para os códigos e condições de uso do cliente. Daí a necessidade do osciloscópio.

Alguns modelos mais recentes usavam diodos laser e eram capazes de gerar padrões mais sofisticados. Além do ajuste do hardware o software tinha também uma quantidade grande de parâmetros.

Um modelo sofisticado. E grande!

O treinamento foi um grande choque cultural. A Seal acabou convencendo o engenheiro da Accu-Sort a deixar não somente alguns dos leitores mas também o osciloscópio e até uma chave de cabo longo usada para fazer ajustes.

Além de grandes e complexos, estes equipamentos eram caros. Não tenho certeza, mas acho que a Seal vendeu poucos deles. A exceção foi o modelo mais novo, o modelo 20. Relativamente pequeno, era um leitor de desempenho modesto em relação a seus irmãos maiores. Entretanto, ele era capaz de ler códigos com até 50 dígitos, o que o tornou uma das poucas opções para ler o código Febraban (o dos boletos).  A Accu-Sort concordou em otimizar os leitores para os códigos dos boletos, deu uma boa apertada nas margens e de repente se viu vendendo quantidades muito maiores que as usuais.

O modelo 20

O sucesso da Seal como fornecedora de leitores de código de barras para as ATMs (como os americanos chamam os caixas eletrônicos) durou até que fornecedores de leitores mais simples passaram a suportar códigos maiores. O modelo 20 continuava tendo um desempenho superior, mas a diferença de preço não o justificava.

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