domingo, outubro 11, 2015

Resenha: Atlantis Mystery

Mais uma aventura de Blake & Mortimer, com roteiro e desenhos de Edgar P. Jacobs. Desta vez os nossos heróis vão parar na mítica Atlândida.



Para quem não viu as minhas outras resenhas de Blake & Mortimer, estas aventuras se passam em uma espécie de universo paralelo, que divergiu do nosso nos anos 50 com a ocorrência de uma terceira guerra mundial. Mortiner é um cientista e o protagonista principal. Blake é um capitão do MI5 (Serviço Secreto Britânico). Jacobs auxiliou Hergé na produção de vários álbuns de Tintin, notadamente na transformação dos álbuns originais de preto e branco para coloridos.

As tramas costumam ser bastante fantasiosas e esta não foge à regra. Na ilha de São Miguel (parte dos Açores), Mortiner encontra uma rede de cavernas e amostras de um metal radioativo, que acredita ser o orichalcum descrito nas lendas de Atlântida. Explorando as cavernas com Blake ele encontra os altamente evoluídos (do ponto de vista tecnolótico) sobreviventes de Atlântida e uma civilização parecida com os incas (chamados na história de "bárbaros"). Os nossos heróis acabam se envolvendo em uma intriga palaciana. Não é nenhum spoiler que o arqui-inimigo deles, o "Coronel" Olrik participa da aventura (mas de forma bastante discreta).

A trama é altamente fantástica, com invenções mirabolantes, fugas milagrosas, coincidências, etc. É preciso desligar o senso crítico e imergir na história. O fato de Jacobs ter criado inúmeros nomes para os cargos e invenções em Atlântida às vezes gera um pouco de confusão.

O que me atrapalhou mais a leitura, entretanto, foi o excesso de texto e o uso de uma letra pequena. Como de costume, a história é bem extensa: 64 páginas. Eu cheguei a achar que a minha vista estava entregando os pontos, mas resolvi comparar com um álbum de Tintin:

Jacob à esquerda. Hergé à direita

Olhando as imagens acima, fica clara a maestria de Hergé na composição. As suas narrativas são mais compactas e ele deixa os desenhos contarem a história, com o leitor completando mentalmente os detalhes. Jacob alonga bastante a narrativa, às vezes se desviando por caminhos que não contribuem muito para a trama principal. Não apenas os seus diálogos são mais longos, mas ele ainda acrescenta legendas minuciosas. Isto acaba ofuscando a alta qualidade da sua arte, rica em detalhes. Um ponto menor em que ele também perde de Hergé é na pesquisa e no esforço pela veracidade: apesar da história se passar em uma ilha portuguesa, os habitantes de São Miguel falam uma mistura de português errado com espanhol incorreto.

A qualidade gráfica do livro é boa, mas não excelente.

Veredito

Recomendado para fãs de Blake & Mortimer.

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