Um dos livros mais gastos na minha estante é "O Desafio das Águias", de Alistair MacLean. É um livro da minha mãe que eu tomei posse quando criança e já reli incontáveis vezes. A contra capa avisa; "Richard Burton é o 'astro' da versão cinematográfica ... breve em todos os cinemas do Brasil". Dias desses, olhando a pilha de ofertas da Americanas (antiga Blockbuster) encontrei este filme em DVD. Segue a minha crítica.
O Livro
Alistar MacLean foi um grande escritor de thrillers. Além do Desafio das Águias, outros livros famosos dele são "Estação Polar Zebra" e "Os Canhões de Navarone". Outros livros menos conhecidos são igualmente de alta qualidade (exceto pelos publicados a partir de 1970). O seus heróis são sempre levados a seus extremos físicos e mentais, mantendo um humor cínico. Os temas mais comuns são guerra e espionagem e as tramas costumam ser complexas, cheias de reviravoltas.
Estas descrições cabem como uma luva para "O Desafio das Águias". Um grupo é enviado para a Bavária para resgatar um general americano capturado pelos alemães e prisioneiro em um castelo de difícil acesso. Ou pelo menos é assim que a trama começa. Logo na descida de paraquedas um dos membros do grupo aparece morto. Até a surpresa final teremos várias reviravoltas e o Major Smith terá que passar por vários desafios, incluindo uma luta no alto de um bondinho aéreo (com uma das mãos estraçalhadas por um tiro!).
É um daqueles livros que você não consegue largar e, se não tiver autodisciplina vai varar dia e noite até chegar ao final.
O Filme
Um dos meus receios, ao comprar o DVD, era que o filme não fosse fiel ao livro (já tinha passado por este experiência ainda criança, quando fui ver com o meu pai o filme baseado em "Estação Polar Zebra"). Ignorância minha - o roteiro do filme foi escrito pelo próprio Alistair MacLean, simultaneamente com o livro (como informa a wikipedia). O resultado é que o filme segue diretinho o livro, sem introduzir novos personagens ou alterar profundamente o desenrolar da história.
Apesar disto, considero o livro bastante superior. Talvez seja apenas reflexo das várias leituras, mas senti falta de vários pequenos detalhes que tinham ficados marcados na minha memória. Uma perda maior está nos diálogos, principalmente no que diz respeito ao humor. Fiquei com a impressão de que grande parte do filme é sem diálogos e que os personagens principais mantém o tempo todo a cara fechada.
A produção é bastante caprichada e o elenco é capitaneado por Richard Burton e Clint Eastwood. Não gostei da trilha sonora (que a wikipedia diz ser bastante elogiada).
Uma diferença curiosa é que no livro os heróis mostram grande
preocupação quanto a matar pessoas (inimigos ou não) enquanto que no
filme atiram (e matam) quase todo mundo que vem pela frente. O resultado
é que este filme é considerado o recordista em mortes do Clint
Eastwood.
Apesar da grande quantidade de ação fiquei com a impressão de uma certa morosidade, talvez pelo pouco diálogo e por não ter gostado da trilha sonora.
O DVD
A tela de menu indica uma produção frugal: opções apenas para ver o filme ou selecionar uma cena. O áudio está disponível somente em inglês (Dolby 2.0, a caixa afirma se Mono). Até este ponto, dá para encarar.
O que fica difícil aceitar é o formato: 4:3 Letterbox.Para quem (felizmente) não conheceu ou não se lembra, o formato letterbox é uma herança maldita do milênio passado, do tempo do VHS e das TVs de tubo. Margens pretas na parte superior e inferior são usadas para apresentar o filme no seu formato original. Em uma TV widescreen atual o resultado mais provável é a distorção da imagem ou um imenso subaproveitamento da tela, com margens pretas de todos os lados. Para completar a maldade, a legenda (em português) está no vídeo, na parte inferior da tela.
Veredito
Leia o livro e só procure o filme se tiver muita curiosidade de ver materializada as descrições, já sabendo que o DVD é "meia-boca".
Resta ressalvar que crítica e público não concordam com esta minha avaliação e o filme é considerado um clássico. Se você achar por um preço baixo (paguei R$12,99), talvez seja o caso de conferir pessoalmente se eu não estava de mau humor no dia que assisti.
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